1 de maio de 2024
Comportamento

UMA NOVA ETIQUETA SOCIAL

A Dança de Casamento (1566) – Pieter Bruegel, o velho – Instituto de Artes de Detroit, EUA


Todo manual de boas maneiras ensina como convidar para eventos.

Com elegância.

Em tempos de novas formas de amizades e múltiplos relacionamentos virtuais, a atual conjuntura pede outras maneiras de se manter a linha.

E a fleugma.

Quando as festas ainda não eram produções hollywoodianas, os nubentes convidavam todos os parentes, de todos os graus e gerações.
Aderentes, amigos de qualquer proximidade, colegas de trabalho dos genitores.

Os cinquenta vizinhos da direita e outros tantos da esquerda. E os de frente, também.

A cerimônia era ato religioso, único e sem segunda chance, completado com  o tradicional aviso que os noivos receberão cumprimentos no salão paroquial.

Bolo da noiva, espumante, ainda chamado champagne e guaraná champagne. E nada mais além  das fotografias e dos bons papos dos reencontros.

Com a moda das  superproduções e os custos  per capita, os orçamentos apertados ou não, passaram a restringir as listas de convidados.

Entre muitos convidáveis, poucos os escolhidos.

Agora, até tio tem subclassificação.

Os mais chegados e os outros.

Sem melindres nem acanhamento, a nutricionista, professora-doutora, comemorou a entrada no time das sexagenárias  dando a receita de como fazer uma inesquecível festança com um rol de poucos convidados.

E ainda por cima, agradar a todos, incluídos os ausentes discriminados.

As imagens postadas no grupo, antes que pudessem pensar no motivo do não-convite, foram seguidas de uma aula de criatividade e bom senso.

A aniversariante publicou as fotos, fez comentários sobre a animação dos presentes e de tudo que desfrutaram no exclusivo sodalício à beira-rio.

Sem receio de ciumeiras.

E mostrou qual foi, da turma, o casal escolhido para representar os que não se fizeram presentes.

Sem pedido de desculpas nem necessidade de outras explicações, os sem festa não só aceitaram como elogiaram a forma como todos os vários grupos da nova anciã, sentiram-se representados.

O perigo dos convites mais genéricos e abrangentes ainda ronda e ameaça quem não se adaptou à nova etiqueta.

Na confraternização de fim de ano, por adesão, entusiasmada com  a animação que tomou conta da numerosa família, depois das  preces e orações, um save the date fora da programação.

O convite para que todos estivessem de volta àquele mesmo local para celebrar, em cinco meses,  os 40 anos de quem nada combinou e fez surpresa aos  paitrocinadores.

Pela aclamação, o comparecimento maciço estava confirmado.

Sem  R.S.V.P., o lockdown da pandemia foi a salvação.

O Casamento Camponês (1567) – Pieter Bruegel – Museu de História da Arte, Viena Áustria

(Texto publicado  originalmente em 04/12/2019)

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