2 de maio de 2024
DemocraciaPolítica

UMA PORRADA DE DEMOCRACIA

A Família (1925) – Tarsila do Amaral – Museu Nacional Centro de Artes Reina Sofia Madri


A incrível operação de buscas, apreensões, bloqueios de contas bancárias e nas redes sociais, além de obrigar alguns dos mais falastrões empresários a abrir crediário para comprar um novo
5G nas lojas Havan, lembra outro episódio tão explosivo, ocorrido há dois anos.

A tecnologia que facilita  gravações já   ultrapassou em muito a imaginação de George Orwell, 38 anos depois  que as inacreditáveis previsões aconteceriam.

Famosos e poderosos são seguidos o tempo todo, e o que fazem em público e no semi-privado, pode acabar no noticiário da noite, nas caras, bocas e muxoxos do Príncipe William.

Até do  presidente de república, conseguem gravar pensamentos e vontades.

Incluídos os  verbalizados, como de encher a boca de alguma perguntadora impertinente, de porrada.

Uma pergunta sobre um cheque depositado na conta da patroa, bombou no Twitter e motivou o infalível kit de notas de repúdio das instituições de sempre: ABI, OAB, QRS, PQP, LGTBQIAP+

O ríspido diálogo, logo transformado em crise política- institucional, só foi resolvida após a pronta intervenção do movimento suprapartidário dos Isentões pela Democracia Alexandrina.

Tudo havia se  passado na calçada da catedral, mas podia ter acontecido num boteco bunda-de-fora, em  alguma esquina de Ceilândia.

Para  aqueles  tempos de aglomerações proibidas,  exceto as autorizada por Renata Vasconcelos, muita gente até que pôde sair às ruas e testemunhar o princípio de arranca-rabo.

Em país multicultural, há de se levar em conta, o sentido das palavras e sua completude.

Muitas vezes o que se ouve, foi dito em outra intenção.

E se na polêmica frase, “encher a boca de porrada”, ficou faltando o complemento?

Onde estaria o objeto do suposto crime?

Em nenhum momento foi dito do que seria enchida a boca da bisbilhoteira dos canhotos de cheques das mulheres alheias.

Porrada, está em todos os dicionários. Refere-se também a uma grande quantidade,  ou um grande número de qualquer coisa.

Não necessariamente, trata-se de palavra violenta.

Pode expressar abundância ou generosidade.

Aí, convenhamos, numa boca  cabe um porrilhão de coisas.

A Presidenta Dilma enchia  de dentifrício. Que quando saía do tubo, não voltava mais.

Os amantes de beijos.

Os poetas, de lindos versos de amor.

É preciso entender quem, ocupando cargo tão estressante, tem de defender as tradições familiares, incluídas as transações bancárias via cheques ao portador.

 

Segunda Classe (1933) – Tarsila do Amaral- Quandro à venda pelo marchand paulistano Paulo Kuczynski, com preço estimado em 100 milhões de reais

One thought on “UMA PORRADA DE DEMOCRACIA

  • Geraldo Batista de Araújo

    Muito bom como sempre

    Resposta

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