5 de maio de 2024
Polícia

Vidas negras (não) importam

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Por Reinaldo Azevedo 

O massacre praticado na favela do Jacarezinho, no Rio, é muito mais grave do que parece. A operação comandada pelo delegado Rodrigo Oliveira, que discursa como candidato a juiz dos juízes  — se também a deputado, ainda veremos —, não tem precedentes em violência, no número de mortos e na politização da tragédia.

Trata-se de um claro desafio ao Supremo Tribunal Federal. Diga-se o óbvio: uma operação policial que resulta em 25 mortos — um deles policial — é, por si, um desastre.

Nada justifica. Nada explica. Na era da necropolítica, coube a Oliveira, subsecretário de Planejamento e Integração do Estado do Rio, fazer digressões sobre o ativismo judicial. Referia-se, claro! , à liminar concedida pelo ministro Edson Fachin, endossada pelo pleno do Supremo, que limita ações policiais dessa natureza durante a pandemia.

Vamos ver.

A Polícia Civil montou uma operação de guerra para executar 21 mandados de prisão. Os alvos seriam pessoas supostamente envolvidas com tráfico de drogas, roubo de cargas e de transeuntes e aliciamento de menores para o narcotráfico. Como se nota, seria uma quadrilha, digamos, multidisciplinar.

A proteção aos menores confere uma embalagem humanista à investida. Como se crianças, em casos assim, estivessem sob proteção. Duas pessoas foram atingidas por bala perdida no metrô.

Querem uma evidência escancarada do desastre? Dos 21 mandados, só três foram cumpridos, com a efetivação das prisões. Outros três alvos da lista foram mortos. E os demais não foram encontrados. Ocorre que se contaram 24 corpos. Enquanto escrevo este texto, não se conhecem suas respectivas identidades.

 

 

Dois corpos foram encontrados no cômodo de uma casa, dilacerados, com pedaços espalhados ao chão. Numa outra residência, num quarto, mais um morto, ao lado de uma garota de oito anos, viva, mas coberta pelo sangue da vítima. Sabem como é… A tal operação foi desfechada para proteger menores!

Vídeos que moradores publicaram nas redes sociais evidenciam o desatino. Corpos foram arrastados de dentro das casas e largados ao relento, modificando a cena do crime, o que, obviamente, impede a perícia. A Polícia Civil se apoia no Ministério Público, que estaria acompanhando a investigação.

Este, por sua vez, disse não ter sido previamente avisado e promete apurar o corrido. É mesmo?  Os mandados de prisão, expedidos pela Justiça, não representam um sinal verde para o tal Oliveira fazer o que fez.

Está aberta a temporada de caça aos pobres e pretos. Em que número se pode apostar na próxima investida?

DO TL

Ademais, no Brasil não existe licença para matar suspeito e acusado. Na lei, pelo menos,  não.

Ou seja, quem quer dar seguimento ao mantra de quem está no poder de “bandido bom, é bandido morto” terá que antes mudar as leis brasileiras..

Bandido bom é bandido julgado, condenado, preso. É o que temos para hoje, no ordenamento jurídico em vigor.

One thought on “Vidas negras (não) importam

  • PedroArtur

    kkkkkkk piada , deixa esses bandidos chegar na tua casa ou pegar teu filho e ver o que ele faz…….

    Resposta

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