26 de abril de 2024
ArteComportamento

DOZE E UMA RAZÕES

 

 

08C37261-C41F-4EE8-BD34-C42A1D462DCF
L’Ultima Cena (1498) – Leonardo da Vinci – Igreja de Santa Maria delle Grazie, Milão


Há um dia no calendário que não dá pra ser racional.

Nem indiferente.

Hoje.

Não adianta dizer que todo mês que começa num domingo terá uma sexta feira, 13, quando se fica sabendo que em 2021, o segundo ano da pandemia, a única mal-afamada é no mês de agosto.

A última, em novembro do ano passado, ocorreu há exatas 39 semanas,  que na matemática do vidente Mário Lobo, é 3 X 13.

A próxima, por coincidência ou presságio, respeitará a mesma multiplicação.

Quem foi agraciado com o primeiro carro, comprado no último dia de julho e passou o desgosto de esperar um mês inteiro passar,  para poder rodar no prêmio, somente quando setembro chegasse, não esquece crendices e superstições.

Não é por qualquer cisma que alguém mereça ser considerado um  frigatriskaidekafóbico.

O escalafobético vocábulo com origem na Old Norse, a extinta língua germânica, falada na Escandinávia e por onde os vikings conquistavam, não encontrou ainda uma palavra para traduzir  o sentimento de medo, quase pavor precavido, do dia da mala suerte.

Antes que os inventores dos weekends sem trabalho difundissem para o resto do mundo, o brado de felicidade, Thanks God It’s Friday, o dia nunca havia gozado de boa reputação.

Na idade média, as carroças e cavaleiros não saíam em comitivas e nem era dia pra se casar. A não ser que os noivos não desejassem ser felizes para sempre.

Disputando com os gatos pretos em encruzilhadas e passagens sob escadas, é a quimera mais admitida nos Estados Unidos, onde muitos arranha-céus têm um andar a menos que a contagem final.

A clínica de luxo que atendia as celebridades cariocas tinha 20 apartamentos.

Poucos deixavam de reclamar a reserva do 12-B, como se a dúzia  repetida pudesse motivar algum insucesso nas cirurgias nunca marcadas para as vésperas dos sábados 14.

Desde que a história contada pelos cristãos anotou o dia da crucificação e o judas traidor foi o décimo-terceiro comensal a sentar para a ceia larga, é melhor morrer de velho.

O mês que registrou o suicídio de Vargas e a renúncia de Jânio foi o mesmo do impeachment de Dilma, 13 anos depois do partido de número 13 tomar (pra usar o barroso verbo) a eleição.

Agora anunciam para o fatídico 24 de agosto próximo, a primeira visita  do ex-presidente Lula ao estado, depois de ressuscitar para as eleições, por obra e graça do bem-aventurado ministro Fachin.

Não seria o caso de deixar a viagem pra depois do mês acabar?

Nunca se sabe quando se trata de azar ou sorte.

Fátima Bezerra tem 13 letras.

Carlos Eduardo, também.


EBDAEACF-C34F-432F-8DE1-24B5246FB143Alegoría del azar – 
Frans Franken II. (1581-1642)

 

 

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *