27 de abril de 2024
Política

A luta continua, na França

 

Tão logo foi encerrada a votação na França, sem duvidar do processo de apuração dos votos e acreditando  nas pesquisas de boca-de-urna,  a candidata da extrema direita, que na reta final da campanha, ocupou estratégico lugar no centrão, reconheceu a vitória do presidente reeleito, mas não fez pose de derrotada.

Que  o gesto sirva de lição aos candidatos brasileiros que perderem as eleições de 2 de outubro.

Não é só na França, que gente fina é outra coisa…

 

Marine Le Pen obteve 42% dos votos contra Emmanuel Macron (58%), segundo as últimas estimativas. Foto: Thomas Samson
Marine Le Pen obteve 42% dos votos contra Emmanuel Macron (58%), segundo as últimas estimativas. Foto: Thomas Samson 


Derrotada, Le Pen saúda sua pontuação histórica e lança a batalha das eleições legislativas

Dinah Cohen, para o Le Figaro, em 24/04/2022


Marine Le Pen registra sua derrota, mas retorna imediatamente ao campo de batalha. 

Do pavilhão de Arménonville, no 16º arrondissement de Paris, a candidata derrotada lamentou “um grande vento de liberdade” que “poderia ter soprado sobre o país”.  O fracasso, porém, não é total: com 42% dos votos, segundo as últimas estimativas do Ifop, a nacionalista evocou uma “pontuação histórica”.  Acima de tudo, ela já anunciou o próximo passo: o das eleições legislativas.

“Apesar de duas semanas de um método injusto, brutal e violento, semelhante ao que os franceses sofrem diariamente, as ideias que representamos atingem novos patamares uma noite no segundo turno”, saudou a candidata do  Reagrupamento Nacional, evocando, apesar de sua eliminação, “uma vitória brilhante”.  “Milhões de franceses escolheram o campo nacional e mudaram”, disse ela.  Antes de dirigir a sua “profunda gratidão” a todos aqueles que confiaram nela , e especialmente aos “compatriotas nas províncias e no campo, mas também no ultramar”.

Um forte contra-poder

Diante de ativistas que gritavam seu nome, a parlamentar de Pas-de-Calais rapidamente abriu um novo capítulo.  “Nós provamos que aqueles que previram nosso desaparecimento estavam errados”, ela se alegrou, enquanto sua campanha às vezes era prejudicada pela chegada surpresa de Éric Zemmour (7%) ao nicho nacionalista.  “Não posso deixar de sentir uma espécie de esperança”, continuou ela.

Para concretizar este voto recorde a favor do seu campo, Marine Le Pen evocou assim a constituição “de um forte contrapoder a Emmanuel Macron” e “de uma oposição que continuará a “defender os franceses e a protegê-los”.  Para isso, a candidata já está de olho nas próximas eleições legislativas, marcadas para os dias 12 e 19 de junho.

Marine Le Pen está iniciando uma nova campanha, que já está se voltando contra o presidente recém-reeleito.  Segundo ela, o mandato de cinco anos que se abre “não romperá com as práticas desdenhosas e brutais do anterior”, e Emmanuel Macron “não fará nada para reparar as fraturas que dividem nossos compatriotas”.  Trata-se, pois, de contrariar este último, tentando constituir um grupo político influente na Assembleia Nacional.

Completando sua terceira campanha presidencial, Marine Le Pen anunciou que lideraria, ao lado de Jordan Bardella, essa nova luta eleitoral.  “Mais do que nunca, continuarei meu compromisso”, disse ela à multidão, sob aplausos deste último.

Marine Le Pen disse querer lutar com “todos aqueles que tiveram a coragem de se opor a Emmanuel Macron”, bem como “todos aqueles que têm a nação atrelada ao corpo”.
“O RN (Reagrupamento Nacional) vai trabalhar para unir todos aqueles, de onde quer que venham, para se unirem, a fim de apresentar e apoiar candidatos em todos os lugares”, disse ela, estendendo a mão para as pessoas de fora do partido:  “Lembre-se que não há fatalidade quando os franceses frustram as previsões”, desabafou ainda a ex-candidata.

2 thoughts on “A luta continua, na França

  • Luíz Costa

    Le combate continue. Mais menino o aprendiz tá cada dia melhor!

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  • Luíz Costa

    De onde eu tirei essa palavra menino ? Peço minhas desculpas mais sinceras.

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