26 de abril de 2024
Comunicação

A PROPÓSITO

 

Liev Tolstói escrevendo (1884) – Nikolai Ge – Galeria Tretyakov, Moscou


Algumas palavras carregam toda beleza, na simetria das suas letras, em sílabas rítmicas e harmônicas.

Em qualquer idioma, uma em especial, agrega, une ideias, encadeia raciocínios, explica e aclara.

Os ingleses a passaram aos norte-americanos em três fonemas, by the way.

Os franceses, prolongam as conversas com a suavidade de sempre, d’ailleurs.

Até os alemães não deixam esquecer que Goethe era poeta, übrigens.

Apesar de confessar que sempre prendeu sua atenção de leitor, quando travestido, o escritor não tem lembranças nem registros do seu uso.

Nas ferramentas de buscas que sequestram qualquer termo confinado nos arquivos de tudo que já foi publicado neste assentamento de  território livre, e estocado nas invioláveis e misteriosas nuvens cibernéticas, não a encontrou.

Em mais de três anos, e depois de 2027 textos e textículos, em nenhum deles, há apontamento que tenha sido pescado o adorável vocábulo, uma única vez.

Com meia meia dúzia de raras exceções.

Duas,  em matérias traduzidas e comentadas do maior de todos os jornalões do mundo,  e numa daquelas raras cartas do leitor, que de tão elogiosa ao disfarçado blogueiro, mereceu imodesta transcrição.

Devotos de São Napoleão Mendes de Almeida rezam  a imaculada gramática e entoam  hinos em  louvor da palavra intransigente e invariável  que tem a camaleônica missão de modificar um verbo, um adjetivo, ou até um outro igual a ela, sempre como ponto de apoio da alavanca que ajuda a mover um mundo de ideias clamando por mais esclarecimentos.

Tudo no devido tempo, modo ou lugar.

O que se diz de qualquer outra forma, quer dizer, em verdade, ou seja, que fique mais claro, o sentido do que se pretendeu comunicar, no que acaba de ser escrito ou lido.

Para os mais afeitos e habilidosos em leituras digitais, tanta explicação pode ser simplificada por pequena word, que de tão compreensível, dispensa tradução.

Link.

Quem nunca precisou linkar  para continuar em assunto aparentado, sem perder o fio da meada?

Presença diária na mais longeva coluna  do jornalismo destas finisterras do leste sudamericano,  tópico com estabilidade funcional,  disciplinada, cumpridora da rotineira missão de explicar melhor a informação anterior, ainda não encontrou guarida neste mal arremedado simulacro, alinhavado por  um  aprendiz de cronista.

Aliás.

Retrato de Elena Likhacheva (1892) – Nikolai Ge – Palácio Mikhailovsky, São Petersburgo

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