CRÍTICA PÓS VERTIGEM
Tão logo foi anunciada a estréia (e a campanha de boicote), o sucesso estava escrito e garantido.
Não dava pra imaginar era o tapete vermelho.
Rotulado de panfleto partidário de derrotados, passou a contar com menos da metade dos potenciais assistentes. Isentões à parte.
O documentário com imagens de cenas conhecidas, já mostradas à exaustão nos noticiários das TVs, sob outras perspectivas e ângulos, convida o espectador a opinar junto.
E discordar do que vê, quando preciso e necessário.
O público é levado a ser testemunha ocular do que aconteceu e vai sendo mostrado.
Em momentos mais eletrizantes bate até aquela vontade de também prestar depoimento, quem sabe, muitos, uma delação premiada.
Com um prólogo esclarecedor, o público estrangeiro igualmente não será enganado.
Mesmo quem o assista como a mais um dos muitos enredos de filme B, rodados nas republiquetas bananas.
Desde o início, fica bem claro quem conduz a narrativa. E para onde, na voz monótona e desesperançosa quer levar a trama.
A diretora, narradora e fio condutor que tece a história recente e em curso, se apresenta sem nada esconder.
Suas origens, com direito a filmetes da infância e adolescência, ascendência e currículo. Às claras.
Uma estória dentro da outra.
O álbum familiar aberto para quem quiser entender o tom da narrativa que vem pela frente.
Destaque especial para a mãe. Militante e presa política.
Real e forte influência na formação do pensamento crítico da locutora que nos fala.
Os fatos de amplo conhecimento, com poucas revelações inéditas, contados por quem é parte de um todo mas como tantos, tem o seu lado.
E é sempre bom lembrar que há o outro lado que é o lado de lá.
Simpatias, tietagens e adorações à parte, os principais personagens tiveram à disposição, ouvidos e gravadores.
Sorridente e simpático, o derrotado na eleição que acabou em impeachment prometeu falar.
Calou.
Sabe-se agora, depois do filme editado e algumas lavagens a jato, por sonsice.
Hoje, a versão cheia de paixão está em debate.
A verdade pede mais tempo.
Quem sabe, numa sequência, o calendário não avance para as últimas cenas.
…alguns anos depois…
Quando tudo isso terminar, o resto da história será contada.
Sem causar vertigem a ninguém.
Seria uma vergonha se o primeiro Oscar alcançado pelo Brasil, fosse de um documentário cheio de mentiras e omissões, enxergando apenas um lado dos acontecimentos e tentando transformar, o maior de todos os corruptos do Brasil (condenado em dois processos), em herói injustiçado. Dá Vertigem.
Tem toda razão, esse era meu pavor