UMA MULHER, SOLO
Não é fácil a vida sob holofotes. Ser alvo permanente das atenções.
Mesmo que saiba que nunca estará no epicentro, muito bem ocupado por quem não arreda o pé, nem que a vaca cante funk. Ou seja ameaçado de impeachment.
Coisas que todos pensam e falam, quando ditas por ela, vão direto para as capas dos jornais. Dá em todos os blogs. Vira trending topic.
Polêmica certa.
Filha de pastor, ela mesma pastora neo-pentecostal, exerceu seu ministério na Igreja da Lagoinha e na do Evangelho Quadrangular.
Advogada, defensora dos direitos dos descapacitados, foi assessora parlamentar em Brasília, por mais de vinte anos.
Auto-reconhecida, mestra em várias áreas do Direito, com títulos concedidos pelo Velho Testamento. E sem firmas reconhecidas.
Até quando não fala, provoca reações desmedidas.
Sua mudez performática no púlpito de uma coletiva, deixou uma dúzia e meia de repórteres atordoados. Ninguém lembrou que o silêncio vale ouro.
Pela reclamação histriônica, talvez só do que disse Bernard Shaw :
-“O silêncio é a mais perfeita expressão do desprezo.”
Até o que é aceito no catecismo, quando repetido pela ministra da palavra, é ridicularizado.
Se Deus está em todo lugar e a Santíssima Trindade é dogma, por que o filho unigênito não pode ser encontrado também no alto de uma árvore frutífera, uma goiabeira?
Por que tanto espanto com o refrigério de mais uma alma atormentada?
Quem já foi a alguma festinha para revelação do sexo da criança, nas torcidas uniformizadas em cores, sabe muito bem quem vai vestir azul e quem vai vestir rosa. E até quem vai ter baile de debutante.
Duvidam até das suas observações anatômicas.
-“Sexo virou coisa de esquerda.”
No que toca ao masculino, as estatísticas sobejamente comprovam.
Só não se sabe ainda, se a preferência é consequente às posições assumidas pelos jacobinos na Revolução Francesa.
Agora, a intransigência ataca outra vez.
Bastou a afirmação comezinha que abstinência sexual previne gravidez, para emprenharem pelos ouvidos.
Não dá nem pra imaginar se o Ministério da Família da Mulher e dos Direitos Humanos defendesse como políticas públicas, outros métodos anticoncepcionais.
Já pensou se a ministra-pastora tivesse procurado inspiração bíblica no que foi empregado (e descrito com detalhes, na santa escritura), pelo filho de Judá, segundo esposo da viúva Tamar?
O destino de Damares estaria nas mãos de Onan.