KITS INEXPLICADOS
Desde que um candidato a prefeito usou recursos do fundo partidário, o horário eleitoral gratuito e a paciência dos teleouvintes para graves denúncias, a malversação de dinheiro público na pandemia não chegou tão perto de ser apurada.
Qual um xerife que abre as portas do saloon para encarar os facínoras, o ex-delegado fez de sua blitz, um flagrante delito modelo repórter sem rosto, uma das peças da propaganda que o levaria ao não debate com o adversário fujão.
O escândalo ficou sem outras consequências, aguardando requente nas próximas campanhas.
O que poderia ter sido configurado como improbidade administrativa com o agravante de grave ameaça à saúde pública, pode agora ser exemplarmente punido.
Nunca mais será permitido que pessoas com suspeita de portarem o coronavirus ou outras infecções viróticas, possam adentrar unidades de saúde ou aguardar a vez nas salas de espera dos hospitais públicos, com temperatura superior a 37,5°.
O termômetro-pistola engatilhado na fronte do macambúzio cidadão fez a associação esperada com a mensagem sub-reptícia de um tiro na nuca de um meliante da bandidagem que reage e entra em confronto com a força policial.
Ajudou o renitente candidato alcançar o segundo dígito na contagem de votos mas insuficientes para o turno decisivo, previsto pelos mais acreditados institutos de pesquisas.
As equipes de fumigadores, treinadas em tempo recorde, paramentadas como ghostbusters do agreste, nas entradas e saídas das cidades, cumprindo a perigosa missão de impedir que os invasores invisíveis penetrassem nas comunas, disfarçados na lama dos pneus dos automóveis e nas excrescências das ferraduras das montarias de tróia, poderiam agora ter o trabalho reconhecido.
Os túneis de descontaminação, modelos híbridos, cruzamento da avançada tecnologia da NASA e engenhoca que pode transformaqualquer Huck em Bruce Banner, terão seus resultados divulgados em trabalhos que se juntarão a outros, baseados em evidências científicas, solidamente comprovadas.
Estarão liberados para dar vida às praças, quais coretos futuristas e símbolos dos milagres que só as parcerias público-privadas obram.
Os gestores proativos poderão explicar as propriedades das compras internacionais na modalidade pré-pagamento.
E justificarem recebimentos, nos prazos das entregas Alibaba e de tantos outros ladrões.
Os afeitos às proporções e versados em operações matemáticas logo estarão calculando quantas ampolas de pancurônio poderiam ter sido compradas se o vivaldino baiano vendesse relaxantes musculares em vez de respiradores pulmonares.
Todos, sabidamente, mercadorias voláteis.
Não restarão dúvidas do que é melhor para conquistar simpatias e aprovações futuras.
Um hospital de campanha multiplicado por tantos hotéis, clínicas e similares em débitos na justiça do trabalho houver ou a soma de novos, antigos e prometidos leitos, com abertura para a próxima semana.
Por favor, nobres parlamentares, não vão botar a culpa de tudo isso nas costas (largas) do General Pazuello.