26 de abril de 2024
Coronavírus

Novo estudo aponta que criança menor de 3 anos transmite mais Covid em casa que adolescente

Do Estadão

Children wearing protective masks play on the first week of school after the summer holidays during the coronavirus disease (COVID-19) outbreak, at Larramendi Ikastola in Mungia, Spain, September 8, 2020. REUTERS/Vincent West

Crianças com menos de 3 anos têm mais probabilidade de transmitir o novo coronavirus dentro de casa do que outras faixas etárias abaixo de 18 anos, indica um estudo publicado nesta segunda-feira, 16, na revista científica Jama (Journal of the American Medical Association).

Para chegar aos resultados, pesquisadores da Public Health Ontario, do Canadá, concentraram o estudo em 6.280 domicílios em que a primeira pessoa a pegar o vírus tinha menos de 18 anos. Eles procuraram, em seguida, casos secundários ou de pessoas que se infectaram na mesma casa em até duas semanas após o primeiro contágio.

Na maioria das vezes, o que se descobriu foi que a cadeia de transmissão parou com a criança ou adolescente infectado. Em 27,3% das famílias, no entanto, ao menos um outro residente se infectou.

Os adolescentes de 14 a 17 anos tinham maior probabilidade de trazer o vírus para casa: 38% de todos os chamados “casos-índice”. Já crianças de 3 anos ou menos foram as primeiras a ficarem doentes em apenas 12% dos lares.

Por outro lado, foram elas as que mais transmitiram o vírus para outras pessoas dentro de casa: a probabilidade de transmissão domiciliar foi cerca de 40% maior quando a criança infectada tinha 3 anos ou menos do que quando tinha de 14 a 17 anos.

Para a infectologista da Unicamp Raquel Stucchi, o que ajuda a explicar o resultado do estudo é que, além de terem mais dificuldade de usar máscaras, crianças com menos de 3 anos exigem uma maior proximidade dos pais quando estão doentes.

“Raramente você vai ter uma família com uma criança ‘pequenininha’ doente que vai conseguir usar máscara o tempo todo enquanto a criança está com sintomas e higienizar as mãos com toda a frequência necessária”, diz. “Então, a transmissão fica muito mais fácil.” 

Médico infectologista e membro da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), Julival Ribeiro entende que o resultado do estudo é uma novidade, o que requer atenção no combate a essa “nova modalidade” de transmissão.

“Até então, (o que se sabia era que) os pais, os familiares infectavam essas crianças menores, e agora o estudo está mostrando o inverso”, diz o infectologista.

Segundo ele, outra “grande surpresa é que o estudo não está relacionado à variante Delta, que é altamente transmissível e tem maior carga viral, e sim a outras variantes.”

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