26 de abril de 2024
Política

O SUCESSO DO FRACASSO

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Imprevisível, o fascinante mundo da  política está sempre a surpreender.

Há um ano, tratávamos dos novos e de dois sobreviventes de naufrágios aos quais estão sujeitos todos os marinheiros que vão ao mar.

E da capacidade que têm de aproveitar as oportunidades para darem a volta ao cais e o pulo sobre os outros gatos.

No empolgante jogo, a carta deles nunca fica fora do baralho.

Da safra que pouco prometia,  dois ministros de estado é a prova de tudo que foi e será dito.


(Publicação original em 19/08/2019)


NOVOS VELHOS

Muito se tem falado dos nossos representantes no congresso. Que a atual safra é fraca. Têm pouca visibilidade, influência e prestígio.

Caldo de biloca, dizem os cientistas políticos mais abalizados.

De cara, uma contradição.

Dos que reclamavam da mesmice dos reeleitos.

Em toda eleição há um desejo natural de renovação.

Expresso pelos candidatos de primeira vez.

Óbvio. Alguém tem que ceder a vaga para o jejuno.                                           

Às vezes, à força. O osso é duro mas ninguém solta. Deve ser bom de roer.

O Majó Theodorico dizia que de tão boa, ninguém deixava a atividade.
– A política é que deixa a gente.

Os mais sabidos, macacas velhas,  jogam com as palavras e pedem o voto na renovação da confiança ou se acham merecedores de renovar os  mandatos.  O velho apelo. Lavou, tá novo.

Fazem plástica, rebocam as rugas no botox, pintam e implantam cabelos. Velho ninguém quer parecer.

Não se fala nos métodos nem nas ideias. Velhas e novas. As mesmas de Pedro Velho de Albuquerque Maranhão.

Radical e crescente nas redes sociais, o movimento para não reeleger ninguém.

Desta última vez, a palavra de ordem foi nova política.

Mais um paradoxo. Não há como renovar a representação e não mandar pra lá, inexperientes, de rostos desconhecidos além do Guajú.

Exemplos de parlamentares que eram capa de revista nas planícies da província e nem rodapé foram no planalto central. Tem de monte.

Sempre o mesmo dilema.

Ser protagonista na troupe mambembe da terra natal ou figurante no espetáculo com elenco de estrelas cintilantes do teatro nacional.

Depois de heróica escalada, chegam ao Olimpo.

Pensando que os deuses são todos iguais, logo caem na real quando são segregados no fundão e reconhecidos graças ao  broche na lapela.

Até no baixo clero são discriminados. Basta ver como o capitão-presidente, com trinta anos de sacerdócio, sem ter chegado nem a cônego, tratou os governadores da região. Alguma dúvida como devia fazer com os colegas,  pobres nobres deputados da Paraíba e dioceses vizinhas?

Que ninguém esqueça a capacidade de reinvenção da classe.

A derrota também pode ser a via expressa para o primeiro time. Da economia, por exemplo, se tem pendores para o ofício.

O aparente aposentado precoce (por boicote sindical e escassez de votos), num passe de sorte, passa a dar as cartas na previdência. Agora é quem tange os burros e conduz o ócio dos outros pra depois.

Podem até não dar nó em pingo d’água mas preparam o tempo pra chover.

Teve até quem avançou dando marcha à ré.

Depois do upgrade na deputância, passou por processo de reengenharia. Começou com um downsizing. Novamente estadual.                               Polivalente, trocou de  poderes, o legislativo pelo executivo, aproveitando o knowhow  do primeiro cargo juvenil.                                    

Ficou na sombra, stand by. Dois anos e muita corda no motorneiro depois, já está no comando da locomotiva que falam, continua meio desgovernada.

Gostando e  querendo mais.

E tome xote, maracatu e baião.

“A política é quase tão excitante como a guerra e não menos perigosa. Na guerra a pessoa só pode ser morta uma vez, mas na política, diversas vezes.”

O que Churchill  dizia dos índios ingleses, cabe bem nos lordes potiguares e em quem mais calçar 40.

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