26 de abril de 2024
CULTURA

O VALOR DO VOTO

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Foram tantas campanhas para valorizar o sagrado direito de escolher representantes e governantes,  que o povo entendeu bem.

De forma individual.

Mesmo depois de muitos deseleitos pelo desequilíbrio do poder econômico, os agrados continuaram.

O milheiro de telha virou cheque reconstrução.

Agora,  a cesta básica chega junto.

Tudo dentro da ordem, da lei e do direito.


(Publicação original em 10/08/2019)


CONCRETO E SECRETO

Quem primeiro fez a constatação, ninguém sabe ao certo.                              A fama ficou para o Dr. Ulysses.                             E também com o Dr. Tancredo.                                 

Contemporâneos e correligionários, os dois do PSD, partido que nunca foi nem será vencido.               

Ou será que  não vem de mais longe, dos tempos do Dr. Nabuco?

“Em votação secreta, dá vontade de trair.”

O vício continua, na prática renovada e ampliada.  Já há muitos anos, em votações importantes do congresso, vira e mexe, uma outra, prévia, decide se o escrutínio será aberto ou secreto.

É que seguro não morreu tão novo e pra essa coceira, ainda não arranjaram vacina nem remédio.

Já avançando nos limites da Paraíba, caminhos de Tacima,   um professor de escola isolada rural, o mais letrado e informado da comunidade, era também das lideranças mais assediadas pelos políticos de Nova Cruz.

Todos acabavam conquistando seu apoio. Pelo menos,  a promessa. Por mais disputadas as contendas, os dois lados contavam como certo seu empenho em busca dos votos e da vitória.

Passando dos 50.

Jeitoso. Andava em passadas macias. Fala mansa. Prosador. Articulado. De palavreado rebuscado e reboculoso .

Carregando um certo ar de mistério, perdeu a própria identidade.                                  O nome recebido na pia, era usado só por constar no título de eleitor.

Conhecido, mais que farinha, como Professor do Juriti.

Nunca visto sem paletó (à moda tocador de viola). Chapéu de massa, com aba quebrada na testa.
O inseparável guarda-chuva, sempre fechado para o sol.

Bigodinho modelo Errol Flynn, a marca registrada.

Presença que não faltava na rua, na feira semanal, às segundas.                     Convidado ou não, tinha lugar cativo na mesa grande do almoço da comadre Joanita.

Quando correu a noticia que havia tomado o outro líder popular, adversário, como padrinho de um filho, sofreu a cobrança inevitável.

E a explicação pra lá de hermenêutica.

“Comadre, não se preocupe. Na base do concreta, digo que voto no compadre Zé Peixoto mas na base do secreta,  estou com o seu candidato”.

De concreto, o voto secreto  nunca será uma certeza.

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