OUTRO MOURÃO
Sobre a vida do general Olympio Mourão Filho (1900-1972) não se pode dizer que tenha sido tranquila e calma.
Jovem tenente, já participava do combate à revolta paulista.
Depois, esteve em todas.
Assumindo papéis cada vez de mais destaque nos palcos e bastidores dos acontecimentos políticos, na medida que ascendia aos postos na carreira e hierarquia militar.
Ajudou a depor presidente e aderiu ao Integralismo.
Teórico e prático.
Escreveu livros e artigos, todos com repercussão e seguidores de cabeças feitas.
Ainda capitão, foi chefe do estado-maior da milícia integralista que serviu de modelo para o movimento dos camisas-verdes, espalhado por todo o país.
Apesar de ter negado nas memórias “A verdade de um revolucionário”, é considerado o autor da primeira e mais bem sucedida fakenews da história republicana.
O Plano Cohen.
De uma simulação de joguinho militar, o fictício complô de judeus e comunistas para implantar um novo regime no país, estrategicamente vazado como vindo da Internacional Socialista, foi recebido por verdadeiro.
Virou o principal motivo para o presidente constitucional implantar o Estado Novo e a primeira ditadura.
A ideia de eliminar todos que constassem de uma extensa lista e fazer reféns os Ministros de Estado, presidente do Supremo Tribunal, e os presidentes da Câmara e do Senado, bem como, nas demais cidades, duas ou três autoridades ou pessoas gradas, não deixou quase ninguém contra Getúlio Vargas.
A segunda, entra na sua conta e cota pessoal, como revolução.
Foi o primeiro e único conspirador de 1964, a botar as tropas na rua, em marcha de Juiz de Fora para o Rio de Janeiro.
Sem resistência, o exército invadido também aderiu ao movimento que prometia ordem na casa, seguida de eleições livres.
A faxina que durou 21 anos, começou como piada.
A trama do golpe foi batizada de Operação Popeye, pelo cachimbo, que o general-marinheiro tinha o hábito de pitar pelos mares de Minas Gerais.
Encerrou a carreira como magistrado, ministro do Superior Tribunal Militar, mas tem sido lembrado como arauto do próximo apocalipse nacional.
Sua conhecida profecia que serviu de boné para metalúrgico, agora é quépi de capitão.
“Ponha-se na presidência qualquer medíocre, louco ou semi-analfabeto, e vinte e quatro horas depois a horda de aduladores estará à sua volta, brandindo o elogio como arma, convencendo-o de que é um gênio político e um grande homem, e de que tudo o que faz está certo.
Em pouco tempo transforma-se um ignorante em um sábio, um louco em um gênio equilibrado, um primário em um estadista.
E um homem nessa posição, empunhando as rédeas de um poder praticamente sem limites, embriagado pela bajulação, transforma-se num monstro perigoso.”
De pijama, fez uma enigmática auto-crítica que vem sendo desmentida pela história mais recente.
“Em matéria de política, não entendo nada. Sou uma vaca fardada”.
Iluminada ruminante.
O General Mourão foi profético ao descrever o que aconteceria com a chagada de Lula e Dilma ao poder.
E também com a de Bolsonaro.Não sei qual dos 3 é o pior.
Um militar golpista, levando créditos proféticos… E quem lhe dá crédito nem chegou a ser presidente de qualquer coisa… Talvez, por um lado, o velho golpista incompetente tenha razão…