26 de abril de 2024
Coronavírus

PASSAGEIROS DA MESMA AGONIA

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Que o mar anda mais agitado, não restam dúvidas. Ainda sem grandes vagas como as que esperam os marinheiros que conhecem os segredos das marés.

Notícias chegam  que as tormentas recomeçaram nas águas geladas e pouco pacíficas de Galápagos, quebraram nas praias de Puná e, de novo, atingiram Guayaquil,  ainda não  recuperada da destruição de oito meses atrás.

Que haveria de embrenhar-se  pela floresta era coisa certa mas nem todos acreditaram.

Nem na  ciência nem no xamanismo.

Os tempos de dor e medo mostram que os  raios agora  surgem sem anúncios dos trovões e caem duas e mais vezes no mesmo lugar.

Manaus, atordoada com a violência sofrida, achou que o tempo da bonança havia começado.

Foi a primeira a retomar as aulas e liberar geral.

O povo festejou o alívio nas areias alvas da outra ponta de praia, no Rio Negro.

A volta do aumento dos casos fez o governo decretar normas restritivas ao funcionamento do comércio.  Decreto desobedecido e logo revogado.

Só a reprise das cenas de caminhões frigoríficos nas portas dos hospitais e enormes tatus mecânicos escavando covas coletivas, amedrontaram autoridades e  população.

O hospital de campanha continuou desativado até que a pororoca transbordou nos corredores dos outros, fazendo soar o alarme.

Código Azul!

Depois de tanto sofrimento, a verdade reconhecida até pelo ministro de quase nenhuma ciência médica e questionável logística.

Na hora H, faltou oxigênio.

Diga lá, meu irmão.                                                        E a vida, e a vida, o que é…

Diante das câmeras, sob holofotes, é a vez dos bons (e orgulhosos) samaritanos ocuparem a  boca da cena.

O oferecimento da segunda túnica, gesto nobre ao mais necessitado, pode ser  prejudicial  para quem recebe e para quem reparte o prato de comida.

O desconhecimento da variante do vírus que está apavorando a Europa não recomenda a livre circulação de pessoas por onde foi detectado.

O Reino Unido proibiu voos dos países sul-americanos e de Portugal, por afinidade colonial.

Na Itália, desde o massacre da Lombardia, as pessoas estão impedidas de sair das suas regiões administrativas.

O lockdown vem sendo retomado em todos os países, mesmo onde há aparente controle da situação.

Como as demais populações ameríndias, os manauaras são menos resistentes às viroses e infecções transmitidas pelos povos invasores.

Tuberculose, varíola, varicela, sarampo, lembram a imunidade baixa e contam outras tristes estórias.

O transporte aéreo de um só paciente crítico é melindrosa operação.

Coletivo, é inédito, mesmo que só transporte quem possa subir a escada do avião com as próprias e cambaleantes pernas.

Temos conterrâneos que não conseguem ambulâncias para transferências de UPA para hospital,  a poucos quilômetros de distância e morrem longe (e tão perto) do leito equipado e salvador.

Haverá outras maneiras de demonstrar solidariedade.

E ajudar.

Não deixaremos de chorar pelo Amazonas.

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