26 de abril de 2024
CoronavírusPolítica

SIMPLESMENTE, EDUARDO

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Enquanto todos esperavam que o general não fosse atravessar o Rubicão para enfrentar o senado e os césares, a manobra de Dunquerque deixou urbi et orbi em suspense por angustiantes 14 dias.

Recolhido na Elba do hotel de trânsito do Exército, deu o bom exemplo de isolamento para futuros contaminantes e preparou-se para a prova mais difícil da sua vida, desde a de admissão à Academia das Agulhas Negras.

Sabia que o papel reservado para ele teria desfecho trágico ou humilhante.

Usar prerrogativas das três estrelas ocultas no uniforme civil bem talhado, para transferir a culpa a alguém em posição hierárquica inferior.

Uma mijada em coronel, major ou capitão, tal  quinta coluna que salva a cabeça para enforcar a alma.

Ou sparring, para levar socos, ouvir acusações provocativas, engolir revides e servir de escada para ambições políticas dos que subiram ao ringue para atingir a linha abaixo da cintura da instituição militar que não se dissocia da sua patente.

Já tendo respondido que poderia ser tratado pelo nome de guerra, um inquisidor passou a chamá-lo pelo prenome, como se a falta do vocativo diminuísse ainda mais sua estatura atarracada.

Eduardo, revelou-se um gentleman, tão versado em estratégia quanto em logística.

Deixou o habeas corpus conferido pelo STF na mochila camuflada e não se esquivou de qualquer pergunta.

Nem as irritantes, repetidas em diferentes sotaques.

Acusado pelas  mortes registradas no display de identificação do capo di tutti capi e relator da  bula ad extirpanda, previamente elaborada, o que declarou não foi suficiente para acender a fogueira da santa inquisição tropical.

Embora comentaristas políticos, especialistas em CPIs, esoterismo e outras ciências políticas ocultas,  tenham riscado muito fósforo perto do álcool em gel.

Escreveu nas entrefalas, verdades que não foram entendidas peles parves marinheires de primeira viagem.

Ao negar ambições eleitorais, opinou que os honrosos cargos na câmara alta do parlamento deveriam ser reservados aos lobos do marmais velhos e experientes.

Os paraquedistas e caroneiros da barca furada da nova política, continuaram na leitura das peças escritas pelos assessores regiamente remunerados, como se o comentário não os tivesse atingido.

Aos demagógicos ex-governadores amazônidas, o conterrâneo adotivo ficou devendo algumas perguntas:

Como eles atuaram para melhorar a assistência médica do estado que governaram?

Quantos leitos para pacientes críticos abriram?

Se é verdade que até o início da maior crise sanitária, não havia um único  leito de UTI  em nenhuma cidade do interior do estado do Amazonas.

Quantas fitas simbólicas cortaram em calçadas de hospitais e usinas de oxigênio?

Há manchas de batom e sangue nos cuecões dos senhores senadores.

Este textículo pretende ser uma singela prova a ser anexada aos autos do  processo.

Comprovação que se pode  discutir a pandemia sem falar em cloroquina… cloroquina…florentina …


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O Martírio de Santo André – 
Rubens (1577-1640)

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