26 de abril de 2024
Comunicação

SWAB É O DRIVE TRU

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Seis anos depois da sua morte,
Ariano Suassuna (1927-2014) ou  estaria enfrentando maiores dificuldades ou teria muito mais assunto para suas aulas-espetáculos, nas observações e críticas à invasão de palavras estranhas à nossa última flor do Lácio. Inculta e bela.

Sob forte influência da língua inglesa, a  pandemia também trouxe,  junto com sua onda de destruição, um palavreado indispensável para entendê-la.

Idioma,  por si, universal e cosmopolita, pela facilidade de ser utilizado como segunda fala, o inglês é indispensável.

E inevitável em mundos digitais.

Formado à partir de dialeto saxão, enriquecido por  outras palavras de outras origens. Celtas, escandinavos, latinos e os que mais tenham nomes fáceis de pronunciar.

Acompanhando a evolução e o progresso das ciências médicas, uma vasta nomenclatura inglesa é absorvida por outros povos e dizeres, sem necessidade de tradução.

Palavras instantaneamente incorporadas às culturas, antes da necessidade de criação de uma própria, na língua mátria.

Teria o gênio de Casa Forte já se rendido aos novos hábitos e formas de expressão?

Uma palavra que já substitui outra exótica,  é o exemplo mais evidente.

Sem ela,  a higiene corporal não se completa nem a coroa da doença é depredada.

Hastes flexíveis de pontas revestidas com algodão há muito são conhecidas, de Ancorage a Taperoá,  pelo nome de marca de uma super multinacional.

Qual uma gilete que há muito deixou de ser lâmina de barbear.

Em 1920, o cientista polaco-americano, Leo Gerstenzang, preocupado com a integridade dos tímpanos da filha, tornou mais suave a limpeza dos ouvidos.

Não foi feliz com o batizado.

Baby gay.

Muito antes que se falasse em teoria de gênero e se admitisse que crianças podem escolher o próprio sexo aos oito anos de idade.

A solução do problema familiar levou o  inventor polonês a  fundar  empresa e fazer sucesso e fortuna com produtos para cuidados infantis.

As hastes ficaram  conhecidas pelo mesmo nome da fábrica, Q-Tips, até que a concorrente Johnson&Jonhson lançasse os seus cotonetes e conquistasse os orifícios auriculares e dicionários.

Agora, o uso específico para coleta de material na nasofaringe para pesquisa do vírus traiçoeiro, popularizou de vez,  outra palavra.

Concisa, simples e fácil de pronunciar.

Apesar de, na terrinha, já terem tentado aportuguesar o diminuto esfregão para suabe, o vêdabliu não deixará de ser escrito.

Dá até pra imaginar onde o pai de Chicó e João Grilo mandaria enfiar o swab caçador do vírus chinês.

Só não se sabe o que diria se tivesse de ser examinado num drive tru.

Da mãe de quem?

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2 thoughts on “SWAB É O DRIVE TRU

  • Cleofas Junior

    Sempre perspicaz, culto e ferino com o uso das letras. Parabéns Dr. Domício.

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  • Juliana Almeida

    Importante esclarecer, em meio a um texto de bom ritmo e certa leveza, ainda que tratando sobre swab, que ninguém “escolhe” o próprio sexo, aos 8 ou aos 80. Quanto mais se estuda sobre sexualidade, mais entendemos que não é escolha nem opção, é orientação: sexual, mas principalmente de afeto. Amar ao próximo é mister, com swab ou suabe.

    Resposta

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