26 de abril de 2024
Eleições

ÚLTIMAS PROMESSAS

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São outras naves e outros assentos que mais testemunham o despertar da fé e a crença em Deus e nos seus intercessores.

Milhares de pés acima das igrejas e catedrais.

Amarrados às poltronas dos aviões, os incréus, nos solavancos e turbulências mais pesados que o ar, depois de segurarem na mão do Santo Belchior (disfarçado da desconhecida viajante ao lado), revelam em palidez e suor frio, a crença na ajuda sobrenatural para um pouso suave.

Nesta terra. Firme.

A proximidade da eleição provoca nos candidatos, emoções parecidas.

Mesmo quem nunca acreditou nas pesquisas, diante dos índices baixos, repetidos pelos institutos de renome, encomenda a sua.

E procura tudo que possa mudar a trajetória que já não é a imaginada quando da apresentação para a disputa.

Na reta final,  já não há mais tempo para visitar tantas ruas esburacadas e cheias de lixo,  nem de apertar as 30% de mãos que garantiriam uma vaga no segundo turno.

Na ferramenta de maior poder de reverter tendências, os enredos são muito parecidos.

O programa eleitoral gratuito, além de desigual no tempo, é pasteurizado no conteúdo.

Este ano, treze postulantes esqueceram que nas regras da competição, há um privilegiado que leva usura, permitido partir antes.

Numa eleição cujo tema principal e quase único é o enfrentamento da pandemia ainda presente, a linguagem usada em outras campanhas não vem sendo decifrada por quem vai decidir.

Muitos não admitem mas o novo normal é real. E a política não fica de fora.

Quando os democratas americanos, em eleições primárias, escolheram o adversário do presidente pré-reeleito,  surgiu quem poderia ter uma derrota certa e honrosa mas capaz de garantir as posições equilibradas no parlamento.

Sem domicílio eleitoral, o coronavírus votou. Agora, não adiante reclamar de fraude. O voto não registrado, irregular, foi decisivo.

Na campanha municipal, ninguém conseguiu passar a mensagem que teria feito diferente. E como, com ele, a situação teria sido outra.

Nem a falta de evidências científicas nas medidas tomadas, nem os gastos com medicamentos, supostamente inócuos, foram questionados.

Todos os adversários no mesmo cordão dos 65% de aprovação.

Quando tantos não conseguem desconstruir o favorito, a lei da inércia prevalece. O corpo em movimento constante segue seu curso.

Esta evidência da física é comprovada na política sempre que os votos são contados.

A última esperança é recorrer à devoção da santa das promessas impossíveis de cumprir.

Vale tudo.

Das excelentes intenções ao dinheiro de outra ajuda emergencial no bolso dos desvalidos.

Desfiles de carrões importados e musiquinhas-chicletes pra decorar números de cinco algarismos,  são ajutórios.

Já acostumado ao confinamento, o eleitor isolado não se animou em ver a paisagem do alto do bondinho do Morro do Careca.

Nem acreditou que quando pegasse nas Quintas, o ônibus da linha 7 e descesse em Maricá, nada pagaria.

A fila na porta da prefeitura para emprego nos cargos comissionados, foi esquecida até por quem prometeu.

Pelo menos, uma novidade para não se ficar na mesmice.

Pela primeira vez, um candidato promete fazer alguma coisa mesmo antes de ser eleito, durante a campanha. E não cumpre.

As algemas continuam tão vazias quanto os discursos.

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