26 de abril de 2024
Opinião

Um ano que não terminou e outro que nem começou

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Cassiano Arruda Câmara – Tribuna do Norte – 30/12/20

Cinquenta anos depois de um ano que não terminou (o ano do AI-5), todos os brasileiros foram condenados a viver um ano que nem começou, e que oficialmente termina amanhã (pelo menos no calendário oficial).

E não apenas para os brasileiros.

A definição é da Organização Mundial da Saúde: “trata-se da maior crise sanitária global do nosso tempo”.

As consequências foram medidas de distanciamento social, com a paralização do sistema produtivo, o fechamento das escolas, o cancelamento de provas desportivas (incluindo uma Olimpíada) e outros tipos de concentrações de pessoas. Única forma de defesa de cada sociedade: o isolamento social. Isso em todo o mundo, sem exceções.

E em canto nenhum – nem mesmo nos países mais ricos – encontrou-se ninguém preparado para enfrentar esse inimigo invisível que apareceu na China e foi se expandindo pelos seis continentes, sem encontrar ninguém realmente preparado para enfrenta-lo.

Ainda.

PREÇO DA PANDEMIA

Não se conhece nada que tenha cobrado um preço tão alto nos últimos anos. No Brasil, o reflexo mais doloroso soma mais de 190 mil vidas ceifadas desde o mês de março, quando o Covid-19 chegou sem avisar.

No mês passado, os Estados Unidos atingiram a marca do 293 mil mortos pelo Covid. Então, já era um número maior do que o total de americanos mortos na Segunda Guerra Mundial.

No começo deste dezembro, a Rússia e o Reino Unido foram os primeiros países a iniciar a vacinação em massa contra a Covid-19. Em 5 de Dezembro, a Rússia começou a aplicar a sua Sputinik V para imunizar sua população. Enquanto o Reino Unido, escolheu uma idosa de 90 anos para marcar o início da campanha de vacinação com medicamento produzido pela Pfizer.

Além dos países da União Europeia, que iniciou seu programa de vacinação na última segunda-feira para imunizar 450 milhões de pessoas.

Na América Latina, México, Chile, Argentina e até a Venezuela já iniciaram suas campanhas de vacinação, mas o Brasil não tem uma data para iniciar a vacinação, embora São Paulo anuncie o dia 25 para iniciar a sua própria campanha de prevenção em massa.

CAMINHO DA VOLTA

Numa de suas “lives” na Internet, o presidente Jair Bolsonaro, semana passada, depois do Congresso aprovar o estado de calamidade pública, ressaltou que, com a medida, o governo poderá gastar acima do teto previsto na legislação:

“É um momento que vamos extrapolar o teto e não vamos responder pela Lei de Responsabilidade Fiscal. Vamos poder gastar um pouco mais e atender aos necessitados”.

Bolsonaro mostrou-se animado e enalteceu o trabalho do Ministro da Economia, Paulo Guedes:

“A gente espera, e acredita, que dentro de três, quatro meses, essa crise começará a ser domada, e dentro de seis, sete, meses o Brasil estará entrando na normalidade, que tanto todos nós desejamos.”

E o Presidente já puxou alguns programas sociais que o governo pretende implementar, como é o caso da Bolsa Família que ele pretende ampliar em mais um milhão de beneficiados, sem precisar citar o Auxilio Emergencial, aprovado no Congresso, que beneficiou mais de 70 milhões de potiguares.

Enquanto o planeta continua buscando o seu lento retorno à normalidade, apesar da disseminação do coronavírus, com um equilíbrio diário menos preocupante

TURBULÊNCIA LOCAL

Com mais de 2.800 mortos pelo Covid-19, o nosso Rio Grande do Norte depois de parecer ter conseguindo manter a situação sob controle, enfrentou momento de turbulência, no final de Novembro com o registro de números negativos, a partir da relação diária de óbitos, além do aumento de procura dos hospitais públicos e privados, desequilibrando todo o sistema.

Governo do Estado e Prefeitura de Natal, que haviam ensaiado o abrandamento das medidas restritivas, voltaram à situação anterior, aumentando os prejuízos dos empresários de uma forma geral (e do turismo em particular) e atingindo duramente o trabalhador autônomo.

Dentre as medidas tomadas, se chegou ao cancelamento da programação do “Natal em Natal” e até do Carnaval previsto para o mês de fevereiro.

A fase final da campanha para a eleição de 15 de novembro pode ser apontada como a principal causa de aumento de novos casos de coronavírus sobretudo em razão das passeatas que se multiplicaram em todo o Estado, sem falar na mobilização dos candidatos, que conseguiram abrandar a quarentena.

TEMPO DE DEFINIÇÃO

Com todas as dificuldades enfrentadas em 2020, a maioria dos analistas avalia que 2021 será um divisor de águas para as perspectivas de crescimento do Brasil.

O cenário global é positivo. Espera-se um grande crescimento na China e o início de um ciclo de recuperação nos Estados Unidos.
Espera-se que o processo de vacinação contra o novo coronavírus tende a crescer em todo o planeta.

A pandemia custou caro. O governo que não tinha dinheiro se endividou. No nosso caso, a dívida é alta. O maior desafio será o pagamento da dívida pública que deu um pulo devido as despesas do governo para controlar a crise sanitária.

O cenário brasileiro apresenta a expectativa da retomada das reformas, agora com a nova direção nas casas do Congresso.

E a necessidade do exercício da paciência para esperar que – finalmente – a pandemia acabe. E enquanto não acabar, a importância de cada um continuar fazendo a sua parte. Começando pelo isolamento social.

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