26 de abril de 2024
Medicina

UMA PONTE PARA OS FUTUROS MÉDICOS

 

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A medida das alterações que a pandemia trouxe para o trabalho médico ainda não foi totalmente revelada.

Desde o início,  com as primeiras informações que chegavam dos países que iam sendo atingidos,  já se sabia quem seriam as mais vulneráveis vítimas.

No ministério de Mandetta, chegou a ser anunciada a intenção de convocação compulsória dos aposentados.

O desastre da Lombardia, onde a ideia se concretizou, com os veteranos sendo  abatidos um após o outro, abortou o plano.

Sem a interferência da Organização Mundial da Saúde, houve um entendimento que a linha de frente mais avançada, deveria dispensar os mais velhos que 60 anos e os recém-saídos dos estágios de conclusão do curso,  com diplomas prematuros.

Entre os falecidos, um padrão quase repetido.

Aposentados dos empregos por tempo de serviço de quem começou cedo, cumprindo plantões em primeiros atendimentos e  em múltiplos sub-empregos, com tetos a alcançar em agendas de marcação a cada cinco minutos.

Quem reclamava de contracheques emagrecidos na dieta da pensão de alimentos, deixou órfãos na idade dos netos e jovens viúvas.

Os mais novos saem da crise com experiência adquirida em unidades para pacientes críticos, de baixo desempenho e poucas altas comemoradas em cenas exibidas nos noticiários de TV.

Novas formas de trabalhar agora seguem em  andamento allegro ma non troppo.

As 24 horas que o doutor achava poucas para resolver seus problemas, mostraram-se suficientes para uma vida mais tranquila.

Parte do trabalho em casa, deverá ser anotada em sua profissional.

Na próxima reforma do apartamento, sai o quarto de hóspedes que nunca vêm, para receber a nova estação de trabalho com monitor de incontáveis polegadas e velocidades medidas em unidades que ultrapassam a da luz.

Divãs desaparecerão das salas de terapia, para confissões mais profundas diante da tela desinibidora.

O leão da receita já percebeu, pelo tamanho da última mordida,  e será  menos voraz com  o freguês que aprendeu rápido. O excedente não vale a pena .

Em Portugal, uma ampla pesquisa revelou que o trabalho médico, após a segunda vaga da pandemia, tornou-se mais extenuante e desanimador.

Salários e rendimentos rebaixados e o pessimismo em relação a melhorias a médio prazo, parado no alto do platô.

No Brasil, o mercado de trabalho está prestes a  atingir o ponto de saturação. Se extinto o Revalida, bacharéis em medicina se juntarão aos outros tantos concurseiros.

As escolas médicas se multiplicam em progressão drogasil.

Com 350 mil habitantes e três faculdades, Petrolina, no sertão pernambucano, terá no próximo ano, uma quarta.

Da prefeitura.

E quem não conseguir uma vaguinha, é só pegar  a ponte.

Enquanto não abrem uma na Ilha do Fogo, Juazeiro tem mais duas.

Luiz Gonzaga – Petrolina Juazeiro

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2 thoughts on “UMA PONTE PARA OS FUTUROS MÉDICOS

  • Geraldo Batista de Araújo

    Estão fabricando médicos até por correspondência. Um absurdo.

    Resposta
  • Aluisio Lacerda

    “As escolas médicas se multiplicam em progressão drogasil.”

    Como não apreciar o texto do Dr. Domicio?

    Resposta

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