27 de abril de 2024
Economia

Queda nas vendas paralisa montadoras e faz setor discutir a volta do carro popular

Automóvel zero quilômetro muito caro, juros nas alturas e crédito escasso intensificaram um movimento que já vinha ocorrendo no mercado brasileiro: o aumento na procura por modelos usados. Desde 2020, o mercado de veículos está estagnado em torno de dois milhões de unidades por ano e não deve ser diferente em 2023, de acordo com analistas. Tudo porque, além dos juros altos, agora também há restrições ao crédito, o que tem dificultado ainda mais a aguardada recuperação de vendas depois da pandemia. Os preços não ajudam. Não é de hoje que a inflação para os motoristas é maior do que o índice IPCA considerando a inflação oficial do País. Tanto é que o preço médio do carro zero km subiu 7,7% em um ano e já custa praticamente o dobro do valor do automóvel mais barato do Brasil, o subcompacto Renault Kwid Zen 1.0. A sua configuração mais barata custa R$ 68.190.

Estudo divulgado pelo site OLX revela o quão distante dos preços dos carros zero-quilômetro está a demanda no País: a faixa de veículos mais procurada pelos internautas vai de R$ 10 mil até R$ 25 mil, o que coloca na liderança a procura por modelos de 10 a 13 anos de idade. Ou seja, mesmo em se tratando de público de classe média para cima – pouco menos da metade da população brasileira –, o poder de compra demonstrado é três a sete vezes menor do que custa atualmente o veículo novo mais barato.

Para os brasileiros que querem adquirir um automóvel, os financiamentos estão se mostrando como uma alternativa muito cara e muitos têm optado por fazer a compra à vista, fugindo dos juros que chegam a cerca de 2% ao mês. “Hoje, a maioria das compras é realizada à vista, o que não faz parte da dinâmica natural do setor, que sempre teve o crédito como alavanca de negócios”, declara o presidente da Fenabrave (Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores), José Andreta Junior.

Fonte: IstoÉ