29 de abril de 2024
Nota

08-01: “Democracia Inabalada” poderia ter sido maior sem a partidarização de um dia histórico

 

Por Fernando Exman no  Valor

Histórico, o ato em memória ao 8 de Janeiro poderia ter sido ainda mais bem-sucedido se governo e oposição tivessem deixado de lado seus interesses partidários pelo menos por um dia.

A ausência da oposição estava dada. Situação que contrastava, aliás, com a garantida presença dos comandantes das Forças Armadas. No fim do ano passado, o ministro da Defesa, José Múcio, contou em evento realizado no Comando da Marinha que havia garantido ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva que, confirmada a realização do evento, os três oficiais seriam os primeiros a chegar ao local.

Já alguns líderes de partidos do Centrão, inclusive integrantes das mesas diretoras da Câmara e do Senado, haviam anunciado que não interromperiam o recesso parlamentar para prestigiar a solenidade. Muitos dependem dos votos de eleitores mais radicais nas eleições, e argumentavam que o ato, originalmente concebido para registrar a reação  institucional em defesa da democracia empreendida no dia 8 de janeiro de 2023, seria transformado num evento político capturado pelo Palácio do Planalto. A orientação era “sumir” de Brasília nessa segunda-feira.

Nas redes sociais, outros passaram a escrever que o governo também aproveitava para desviar a atenção e procurar culpados, em vez de apontar soluções e prestar contas à sociedade do que foi feito durante o ano passado. Os mais radicais insistiram nas publicações segundo as quais os ataques golpistas foram realizados por idosos, crianças e religioso desarmados que não tinham um líder.

Isso as investigações ainda irão esclarecer. Provavelmente, mostrarão que na verdade ocorreu o oposto.

O que se pode afirmar, contudo, é que esse comportamento coloca em xeque o discurso adotado pela ala política do governo Jair Bolsonaro (PL) durante grande parte da administração anterior e toda a campanha eleitoral.

Sempre que um ataque ao Supremo Tribunal Federal (STF) era desferido, logo se ponderava nos bastidores que a ala política do Planalto havia desaconselhado Bolsonaro a fazê-lo e não chancelava tal estratégia. Esses mesmos atores perderam a oportunidade de se descolar de vez das atitudes que culminaram na tentativa de golpe no dia 8 de janeiro do ano passado, mas preferiram não desembarcar na capital federal.

Por outro lado, errou o presidente da República na parte final de seu discurso.

Lula seguia bem o roteiro de defender a democracia, destacar a coragem daqueles que saíram em defesa das instituições e apelar pela união nacional. Porém, decidiu falar de improviso. Nesse momento, sugeriu aos integrantes da Suprema Corte e ao presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Alexandre de Moraes, que citem a sua história pessoal e a do PT quando forem defender a democracia e o sistema eleitoral. Na sequência, citou indiretamente Bolsonaro, seu partido, o PL, e seus três filhos.

Lula acabou dando argumentos àqueles que equivocadamente faltaram à cerimônia e, até então, teriam severas dificuldades quando fossem prestar contas com a História.

DO TL 

Sim, o 08 de janeiro e a sua necessária celebração, para não se repetir, era um ato político.

Mas não precisava ser partidário, da esquerda, do PT, de Lula.

Quem luta e prega a Democracia sabe que sua importância é muito superior a siglas ou polarização momentânea. Se não sabem, deveriam aprender…

 

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