4 de maio de 2024
Política

A MESMA HISTÓRIA

Parlamento Desconcentrado (2009) – Bransky – Quadro vendido em leilão pela casa Sotheby’s, em 2019, por 12 milhões de dólares


Se for perguntado a um alienígena, habitante de algum planeteco de
Alpha Centauri, o que se passa no seu similar azul da vizinha Via Láctea, ele haverá de responder que de tudo que sabem, não dá pra entender o sistema político que governa um certo país, ao sul.
Sempre em ebulição, ardendo em chamas e  crises.

O moço do disco voador, com tanta estrela por aí, talvez não tenha tempo de ler a história desse mundinho de Deus do qual os portugueses abriram mão e deixaram pra cá.

Foi reino (unido) e império. Tornou-se república mas os eleitos  quiseram sempre governar sozinhos, como imperadores fossem.

Tudo começa nas campanhas eleitorais.

As promessas mirabolantes, facilmente percebidas sem a menor chance de ser cumpridas, ganham adeptos e inspiram a formação de novas seitas de fanáticos.

Quem assume o poder, apesar dos pasteurizados discursos de posse, conclamando a união de todos, quer  agradar uma banda só.

Programas de governo só servem para convencer o voto consciente.

A democracia republicana ainda não conseguiu moldar os três poderes em trindade divina e não é por falta de santos.

É por excesso de pavonice, um mal incurável que contamina os que conseguem ascender  ao planalto central.

Tudo começou quando o primeiro imperador teve de deixar uma criança pastorando a nação que engatinhava, para ser rei além-mar.

Quem ficou mandando  na josta que nem saneamento básico tinha?

A república, copiada, foi recebida com festas e  entregue aos marechais.

Fumou-se tanto cachimbo na pindorama que as bocas entortaram.

O traço fisionômico, hereditário foi sendo transmitido às novas gerações, involuindo ao ponto de ser permitido o comando, a oficial de baixa patente e pouco tempo de caserna.

Como na política, pássaros queimados não renascem das cinzas, outros saem em vôos cada vez mais baixos, titubeantes, sem a altivez que o voto popular concede ao líder do bando, na formação em V de vitória.

O curto e mal-sucedido período de parlamentarismo que manteve sob rédeas curtas um vice-presidente suspeito de avançar nas reformas sociais, inibe que se volte a adotar o sistema que funciona e dá certo na maioria dos países, repúblicas, reinos e  monarquias.

O impeachment, largado num canto da biblioteca das leis é prontamente encontrado quando se quer – ou se precisa – mudar rumos ou o mestre-arrais do barco furado,  à deriva.

Tudo que é necessário para trocar o que é longo, demorado e paralisante, é um  um ato simples que pode ser reproduzido quantas vezes preciso for.

Um voto de confiança no primeiro-ministro (ou não), resolve.

E estamos conversados.

Pare e Procure (2007) – Bransky – Grafite em Belém, Palestina

(Dois anos depois de publicado, sob o título Impeachment Nunca Mais, o tema continua atualíssimo)

 

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