5 de maio de 2024
Nota

Natal para de crescer

 

 

 

 

Roda Viva – Tribuna do Norte – 15/03/23

A cidade de Natal, entre 2010 e 2022, encolheu. Saiu de uma população de 803.739 para 751.932 habitantes.

Natal perdeu 6.4% de sua população.

Nesse período, a capital do Rio Grande do Norte, diminuiu mais do que uma Currais Novos (a nona cidade mais populosa do Estado), com 45,022 habitantes.

A cidade de Natal, nesses 12 anos, perdeu 51.807 habitantes, muito mais do que as outras quatro capitais brasileiras que registraram redução: Recife, perda de 2.8% da população; Salvador, menos 2.4%; Belém, com redução de 1.9%; e Porto Alegre que registrou a diminuição populacional de 0.4%.

Tão – ou ainda mais – grave do que esta situação, tem sido a absoluta indiferença dos natalenses com essa preocupante situação. Não encontramos um só documento, de nenhum órgão público ou privado, demonstrando algum interesse em pedir ou explicar as razões desses números preocupantes.

VISÃO NACIONAL

Em nível nacional, este novo quadro, começa a interessar alguns estudiosos do ponto de vista universal, que arranjaram um nome para representar a nova realidade: “desmetropolização”, que é a redução do crescimento das metrópoles, em benefícios das cidades.

No Brasil, na maioria das cidades, a maior mobilidade, dependeu, principalmente do próprio crescimento vegetativo, isto é a diferença entre as taxas de natalidade e a mortalidade, expressa no percentual por 100 mil habitantes.

Em termos de Brasil, o crescimento acentuou-se com o fortalecimento das metrópoles, que se acentuou depois da segunda guerra mundial (1930-1945), crescimento acelerado devido a redução da mortalidade, resultante do aumento dos serviços de água encanada, campanhas de vacinação e expansão das redes de distribuição de medicamentos. O pico do crescimento nacional registrou-se em 1960: – 2.9%.

SITUAÇÃO DO RN

No Rio Grande do Norte, principalmente em Natal, a migração e crescimento urbano vem determinadas por uma variedade de situações estruturais (oferta de emprego, serviços de educação e saúde) cujo mecanismo atenuante das tensões individuais e coletivas tem sido a emigração para centros urbanos ou regionais que, real ou aparentemente, são reconhecidos como polos econômicos.

Como consequência do fluxo migratório, o município de Natal, na década de 90 experimenta uma taxa de crescimento populacional de 6,4 por cento, trazendo na sua esteira problemas sociais de toda natureza, desde a favelização à violência urbana. Mesmo essa taxa caindo para 0,3 por cento em 2000, a capital potiguar continua apresentando sérios problemas, resultantes das décadas anteriores.

A partir da década de 70, o Rio Grande do Norte viveu uma crise na sua economia (decadência da trilogia gado-algodão- agricultura) cujo enfrentamento começa a se dar através da “ampliação do setor terciário principalmente na área de educação, saúde, lazer e, com a criação de empregos principalmente, o emprego público” .

O desempenho da economia do país como um todo, principalmente nas áreas de atração e repulsão, merece uma análise mais específica, até porque acredita-se no pressuposto de que as migrações nascem basicamente da expectativa do migrante de encontrar melhores oportunidades de emprego e de elevação de seu padrão de vida.

NOSSA CIDADE NATAL

Natal tem 424 anos, fundada pelo colonizador português em 1599, foi ocupada por holandeses entre 1633 e 1654, período em que foi chamada de Nova Amsterdã; tendo um crescimento lento nos três primeiros séculos de existência.

Tudo começou a mudar em 28 de janeiro de 1943, com a chegada ao seu porto do navio USS Humboldt, transportando o presidente dos Estados Unidos, Franklin Delano Roosevelt, que voltava da Conferência de Casablanca e, aqui, encontrou-se com o presidente Getúlio Vargas. Aí definiu-se a entrada do Brasil na 2ª Guerra Mundial. E Natal era consagrada como um dos quatro principais pontos estratégicos do mundo, recebendo a maior base aérea americana, fora dos Estados Unidos.

Com uma população de pouco mais de 50 mil habitantes, em dez anos, Natal dobrou a sua população, passando dos 100 mil habitantes, e mantendo um crescimento sempre crescente: 162.537 em 1960; 270.127 em 1970; 428.127 em 1980; 606.681 em 1991; 709.536 em 2000; e 803.739 em 2010.

POR QUE PAROU

Em 2012, Natal parou de crescer, no meio de um fato que merece estudos mais aprofundados.

Enquanto Natal parava de crescer as cidades que formam a sua região metropolitana continuaram crescendo: Extremoz 149,8%; São Gonçalo do Amarante, 31;07%; Parnamirim, 24.9% e Macaíba 17.4%.

Até o presente esse assunto parece não ter interessado a ninguém. Mas, não dá para continuar assim.

Com uma dezena de universidades, inúmeros órgãos de planejamento, não é possível entender tanto desinteresse em torno desses números aqui listados.

Além das suas principais lideranças políticas, religiosas, empresariais, trabalhistas, comunitárias, governamentais, continuarem silenciosas em relação a tema tão palpitante.

A verdade é que Natal parou de crescer. – Por que parou?

 

 

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