30 de abril de 2024
Justiça

A PRÉ-HISTÓRIA DE UMA PRESCRIÇÃO

A Virgem amamentando o Menino e São João Batista criança em adoração (Século XVI) – Giampietrino – MASP, Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand


No primeiro dia deste ano da graça de 2023, foi publicado neste Território Livre,  um relato dos fatos que antecederam a festa de inauguração da maior  maternidade  do estado, a única unidade hospitalar construída pela Secretaria Estadual da Saúde nos últimos 25 anos.

O autor do texto, que por 8 anos sofreu as consequências de uma denúncia – nunca provada –  de malversação de recursos públicos, está agora livre do processo criminal, por prescrição.

Vale a releitura.

 

A PRÉ-HISTÓRIA DE UM HOSPITAL

Depois de três anos de projetos e planejamento, e dois períodos de governo para a  construção, foi inaugurada a maior obra concluída pelo governo  estadual, nos últimos 12 anos.

Para chegar ao momento do corte da fita inaugural, alguns fatos aconteceram e merecerem registro, por não constarem  da placa comemorativa, afixada em seu hall de entrada.

Ainda no primeiro governo da mossoroense Wilma de Faria,  foram realizados estudos sobre as necessidades do atendimento terciário materno-infantil na região, tendo ficado claro que havia a carência  de uma maternidade pública para compor a hierarquia que a atenção à saúde da mulher e aos recém-nascidos pedia.

Surgiu então, o nome Hospital da Mulher.

O anteprojeto ficou esquecido nas gavetas, pelas trocas frequentes de secretários, até que em janeiro de 2012, a mais aguda das crises que a assistência obstétrica de Mossoró já enfrentou, caiu como uma tromba d’água, em meio a uma tempestade perfeita.

A única maternidade – pública ou privada –  que fazia partos complicados, cesarianas e dispunha de unidade de terapia intensiva neonatal,  em toda Região Oeste e do Vale do Assu, filantrópica, passava por outra crise dentro da crônica  de sempre, ameaçada de fechar as portas por incapacidade financeira.

Nem um convênio salvador com a Secretaria Estadual da Saúde podia ser firmado, por entraves burocráticos intransponíveis, as tais “certidões negativas”.

Além da queda anunciada, o coice de uma paralisação dos anestesiologistas, à época, apenas  nove especialistas atuando na cidade-polo, com intransigente reserva de mercado.

Muitos potiguares que completam 11 anos de idade neste início de ano, têm dupla cidadania.

São também russos.

Nasceram na cidade cearense de Russas, a setenta e cinco  quilômetros de distância, ou no meio do caminho, nas ambulâncias, em partos induzidos pelos buracos da estrada interestadual.

Em exatos 68 dias depois da decisão de abrir uma maternidade, uma festa semelhante à atual, entregava, funcionando a pleno, em prédio alugado, a mais moderna e bem equipada unidade especializada na saúde feminina, com cinquenta leitos, UTI neonatal e para adultas, empregando técnicas de partos humanizados, com equipes treinadas e completas, profissionais bem remunerados e recebendo elogios das parturientes.

O milagre deve ser atribuído a Nossa Senhora da Parceria Público-Privada.

Um mês depois de inaugurada,  outra mossoroense, a governadora Rosalba Ciarlini pediu ao Secretário da Saúde que apresentasse alguns projetos à equipe do Banco Mundial, na undécima hora, no último dia da visita que rendeu o empréstimo de 500 milhões de dólares.

Foi quando o atual Hospital da Mulher Parteira Maria Correia, antes de entrar no papel que não existia, foi concebido em sustentação oral improvisada,  pelo locutor e redator que presta agora  estas informações.

O resto,  são arrastados processos por improbidade administrativa e criminal, acusações de peculato e outros agravos; sequestro  de salários e proventos  em contas bancárias e indisponibilidade de bens, embalados pela onda do “lavajatismo”, e sua bastarda filha natimorta, a “teoria do domínio do fato”.

Madona com Menino (1520) – Giampietrino – Museu Nacional de Varsóvia, Polônia

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