3 de maio de 2024
LutoMemória

A RAINHA, CHATÔ E NOVA CRUZ

Rainhas reinantes: Rainha Elizabeth II do Reino Unido (1985) – Andy Wahol – The Royal Collection, Palácio de Buckingham, Londres

Um magnata das comunicações, personagem e protagonista das notícias que os veículos sob seu comando  traziam ou criavam, não poderia faltar no necrológio da Rainha.

Em 1953, o senador pela Parahyba, Francisco de Assis Chateaubriand Bandeira de Mello, presenteou Elizabeth II com águas marinhas de uma mina do Rio Grande do Norte.

As jóias, na cor predileta da jovem monarca, agradou tanto, que  ao ourives real foi encomendada uma tiara com as gemas potiguares.

53 anos depois, em 2006, quando recebeu a visita do Presidente Lula e Dona Marisa Letícia,  no Palácio de Buckingham, as preciosidades garimpadas em Tenente Ananias, foram usadas em homenagem ao Brasil.

A generosidade foi retribuída com a visita real para inaugurar a mais duradoura obra do migrante nordestino, o Museu de Arte Moderna de São Paulo, MASP.

O dono de uma centena de jornais e emissoras de rádio, da primeira estação de TV e da revista O Cruzeiro – a de maior circulação antes da Veja – acreditava na mobilização popular, no medo dos poderosos e no próprio taco.

Além de senador  pela Paraíba, representou também o Maranhão em eleições onde não faltaram acusações de fraudes.

Foi tudo que quis ser, além de Embaixador na Corte de St. James.

De imortal da Academia de Letras a Rei do Brasil

Condecorou o primeiro ministro Winston  Churchill com o mais alto grau da Ordem do Jagunço, com direito a paramentos de gibão e chapéu-de-couro.

O mecenato não ficou restrito ao  MASP.

Espalhou muitos mais cultura pelos quatro cantos do país, com a Campanha Nacional dos Museus Regionais.

Incentivou a viação aérea e os aeroclubes no apelo Dêem Asas ao Brasil.

Em mais uma cruzada, no apoio ao golpe militar de 64,  o delírio de ser possível o pagamento da dívida externa com doações da  classe média.                                  

Foram-se os anéis.

As alianças.

As jóias.

E tudo de ouro.

Ficaram os dedos.

Tudo para o bem do Brasil

Sempre aliado aos santos, de preferência os que estivessem no poder, usava arsenal pesado contra todos os demônios que ousassem ser adversários.

Falecido em 1968, não viveu para travar uma última batalha.

Às margens do Curimataú, na nesga do estado, quase entrando na Paraíba, aos pés da sua Borborema.

Honrado com o nome de avenida projetada, foi lembrado somente pela míope visão de um vereador, quando a nova fronteira da cidade já havia virado realidade.

Em ingrata  desomenagem.

A retirada do agraciamento teria sido tranquila e até bem recebida pela população, com  irrefutável argumento.

O nome da via era  difícil de pronunciar e quase impossível de se escrever corretamente.

Um dos últimos sobreviventes do conglomerado associado que por décadas ditou regras, modas e costumes na sesmaria do Rio Grande, sob o comando do alter ego, Luiz Maria Alves, o Diário de Natal foi chamado à luta.

E não precisou nem de  trincheiras escavadas nos lamaçais da política paroquial, para  desencadear a manobra de Dunquerque-Bujari.

A lei, aprovada na câmara municipal, foi vetada pelo prefeito Cid Arruda, filho do outro, Lauro, que havia rendido o preito original.

E não se tratou mais do assunto.

A Avenida Assis Chateaubriand tornou-se  a  Paulista do Agreste.

As jóias potiguares da Rainha Elizabeth II

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *