A TOMOGRAFIA DA ELEIÇÃO SEGUINTE
A minissérie “Os 3 Tomógrafos” atingiu o pico da onda midiática e já se pode anunciar: lacrada a última urna não auditável, será apresentado o capítulo final da temporada.
Para voltar, como a novela dos respiradores pagos e não recebidos, depois de remasterizada, com efeitos especiais, na próxima campanha eleitoral.
Vista por todos os ângulos, e pelos que assumirem a paternidade do filho bastardo, de novo, vão procurar responsáveis pelo aborto retido nos labirintos da burocracia.
Com cenas do rompimento da corda do lado mais fraco. Da “incompetente equipe técnica”, conduzida pela Geni da vez, quem paga a conta do pato.
Neste enredo que se repete, o vilão continuará sendo castigado pelos tempos que sobreviver, que ex-secretário de saúde é título maldito a ser extirpado de todo currículo, menos de quem teve mãe inquilina na pensão da distinta senhora Maria Oliveira Barros.
Natal abandonava o velho estádio Juvenal Lamartine para viver as emoções da minicopa, em 1972, no colosso de Lagoa Nova, quando Godfrey Newbold Hounsfield, no mesmo Reino Unido que criara o futebol, inventava o tomógrafo.
O aparelho que parecia ficção, garantiu o maior dos prêmios do conhecimento científico mundial.
Disseminado pelo mundo afora, tornou-se símbolo de modernidade e atestado de qualidade nos serviços de saúde.
Mesmo desacompanhado de outras boas práticas e de pessoal capacitado a utilizá-lo como mais um instrumento para melhorar o atendimento, por uma equipe médica completa e bem treinada, contando com outros insumos mais básicos, baratos e necessários.
O episódio final desta estória é fácil de ser previsto, em spoiler imaginário.
Correrá o ano de 2032, o ex-gestor, depois de ter respondido a mais de uma centena de auditorias, prestação de contas especiais e processos por improbidade administrativa; de ter seus bens bloqueados e o nome inscrito na lista dos ficha-sujas, assina o AR de uma carta da Caixa Econômica, da gerência de contas do governo, que estipula prazo de 15 dias para que seja depositado um valor equivalente a cem vezes todas as gratificações recebidas enquanto desempenhou a amaldiçoada função.
Na hora de passar a régua para o encerramento dos convênios nunca efetivados, surgiram desfalques por retiradas indevidas.
Não interessa se os saques, por demandas judiciais, foram para pagar tratamentos médicos, assinadas por juízes de direito, o responsável será sempre o filho da pensionista de Maria Boa, ordenador de despesas.
Que desta sentença, nem os portadores de Alzheimer escapam.
Só tem um jeito: a sorte de receber a cobrança depois da própria missa de sétimo dia.
Kai-hung Fung médico radiologista de Hong Kong, criou em 2006 a “Técnica Arco-Íris”, na qual adiciona cor às imagens da tomografia computadorizada.