A ÚLTIMA COCA-COLA DE BOLSONARO
Desviado dos mares caribenhos, o furacão fez um touchdown na ilha de São Luís, aglomerou multidão e deixou um rastro de polêmica. E revolta nos adversários políticos.
Era pra ser uma dessas visitas que o presidente prepara para a outra, dois anos depois, quando voltaria para colher os votos plantados em obras e realizações
Desconcertante como é do feitio, estilo e natureza, resolveu declarar guerra aos comunistas.
No primeiro e único estado governado pelo partidão.
Sem dar bolas para o politicamente adequado, resolveu fazer graça com um símbolo da indústria local.
O governador com nome e cara de simpático dinossauro, agora eleito senador socialista e cotadíssimo para assumir o Ministério da Justiça, reagiu com indignação de um bom ludovicense.
A infeliz associação de ideias homofóbicas com a cor da bebida mais popular, ganhou o noticiário e ameaças nunca concretizadas de processos judiciais.
Errático como costuma ser, o capitão-presidente pode até ter prestado um enorme serviço à economia regional e à manutenção da bebida que é orgulho e patrimônio do povo maranhense.
Fórmula secreta criada pelo farmacêutico Jesus Norberto Gomes em 1927, o xarope não comprovou efeitos medicinais, mas a cor e o sabor caíram no gosto dos netos.
Para logo conquistar a torcida do Sampaio Corrêa e os fiés eleitores de José Sarney.
A abençoada fábrica também atraiu a cobiça do big business.
Em 1960, foi comprada pela Cervejaria Antarctica e a marca desapareceu.
Depois de longa batalha judicial, os herdeiros do criador do guaraná cor-de-rosa venderam os direitos de propriedade do rótulo à The Coca-Cola Company.
A empresa-símbolo do capitalismo yankee não ficou imune aos novos hábitos dos consumidores depois da pandemia.
A gracinha do presidente, ajudou a divulgação da bebida que resiste como símbolo da diversidade de gêneros, mas rendeu-lhe uma das mais acachapantes derrotas estaduais, com apenas 28% do total de votos.
Entre mistérios inexplicáveis da política brasileiras que sempre são esclarecidos pelos sociólogos e cientistas políticos, o case do Guaraná Jesus – que o povo insiste em chamar de cola – ficará conhecido como um erro estratégico para quem só pensava em reeleição.
Teria sido diferente o resultado das urnas, se tivesse pedido Grapette?
O neo-cronista tira do baú da cachola assuntos novos e velhos do agrado deste mais velho leitor. Gostar ou não é escolha liberal de qualquer um. Para mim é o motivo para começar o dia bem informado e menos ignorante. O homem pode aprender até morrer. Que todos tenham um bom dia com as bençãos de Deus. Aném