8 de maio de 2024
Nota

A ÚLTIMA COCA-COLA DE BOLSONARO

 

Cola Cola verde (1962) – Andy Wahol , Museu Whitney de Arte Americana, Nova Iorque


Desviado dos mares  caribenhos,  o furacão fez um
touchdown na ilha de São Luís, aglomerou multidão  e deixou um rastro de polêmica. E revolta nos adversários políticos.

Era pra ser uma dessas visitas que o presidente prepara para a outra, dois anos depois, quando voltaria para colher os votos plantados em obras e realizações

Desconcertante como é do feitio,  estilo e natureza, resolveu declarar guerra aos comunistas.

No primeiro e único estado governado pelo partidão.

Sem dar bolas para o politicamente adequado, resolveu fazer graça com um símbolo da indústria local.

O governador com nome e cara de simpático dinossauro, agora eleito senador socialista e cotadíssimo para assumir o Ministério da Justiça, reagiu com indignação de um bom ludovicense.

A infeliz associação de ideias homofóbicas com a cor da bebida mais popular, ganhou o noticiário e ameaças nunca concretizadas de processos judiciais.

Errático como costuma ser, o capitão-presidente pode até ter prestado um enorme serviço à economia regional e à manutenção da bebida que é orgulho e patrimônio do povo maranhense.

Fórmula secreta criada pelo farmacêutico Jesus Norberto Gomes em 1927, o xarope não comprovou efeitos medicinais, mas a cor e o sabor caíram no gosto dos netos.

Para logo conquistar a torcida do Sampaio Corrêa e os fiés eleitores de José Sarney.

A abençoada fábrica também atraiu a cobiça do big business.

Em 1960, foi comprada pela Cervejaria Antarctica e a marca desapareceu.

Depois de longa batalha judicial, os herdeiros do criador do guaraná cor-de-rosa venderam os direitos de propriedade do rótulo à The Coca-Cola Company.

A empresa-símbolo do capitalismo yankee não ficou imune  aos novos hábitos dos consumidores depois da pandemia.

A gracinha do presidente, ajudou a divulgação da bebida que resiste como símbolo da diversidade de gêneros, mas  rendeu-lhe uma das mais acachapantes derrotas estaduais, com apenas 28% do total de votos.

Entre mistérios inexplicáveis da política brasileiras que sempre  são esclarecidos pelos sociólogos e cientistas políticos, o case do Guaraná Jesus – que o povo insiste em chamar de cola – ficará conhecido como um erro estratégico para quem só pensava em reeleição.

Teria sido diferente o resultado das urnas, se tivesse pedido Grapette?

Andy Wahol (1928-1987)

One thought on “A ÚLTIMA COCA-COLA DE BOLSONARO

  • GERALDO Batista de Araújo

    O neo-cronista tira do baú da cachola assuntos novos e velhos do agrado deste mais velho leitor. Gostar ou não é escolha liberal de qualquer um. Para mim é o motivo para começar o dia bem informado e menos ignorante. O homem pode aprender até morrer. Que todos tenham um bom dia com as bençãos de Deus. Aném

    Resposta

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