NECESSÁRIO TRAPALHÃO
De quem não nasceu com o dom, nem cultivou o hábito de elogiar, e já tendo perdido a ternura, uma crítica pode ser um baita sinal de benquerença.
Para descartar de vez a possibilidade de marcharem juntos na ordem unida do próximo pleito eleitoral, o capitão já ordenou para o general sair de forma.
Em posição de descanso há tempos, com uma ou outra missão periférica, muito aquém da capacidade, o vice-presidente foi o primeiro barrado na parada que só está começando.
Atrapalhar um pouco, a transgressão disciplinar pela qual é acusado é uma constatação que o advérbio de intensidade está sendo bem empregado.
Se tivesse atrapalhado mais, melhor teria sido.
Os reservas que já foram eleitos em escrutínios independentes, perderam com o vínculo do voto, o direito de auditar a conta de quantos escolheram seus nomes nas urnas.
Apesar do mantra vice é vice, nossa História tem registrado que o cargo subalterno não é desprezível.
Tem natureza e nobre serventia.
O país pode até prescindir do seu presidente, nunca do vice.
Tem sido assim, desde o primeiro, o marechal de ferro.
Eleito com Deodoro, poucos meses depois, Floriano já era o número 1.
Desde a mais recente redemocratização, o estepe garante a continuidade das nossas sucessivas baldeações.
Até a próxima tragédia.
Tem quem fale em eliminar o cargo e em casos de impedimento, novas eleições.
A tradição presidencialista não é esta.
Os anais registram presidentes afastados que não fizeram falta alguma.
No banco de suplentes, deve estar sempre alguém preparado para entrar em campo, mexer no time e virar o jogo.
Impensável, um técnico escalar um perna-de-pau qualquer, tendo ao seu lado, à beira do gramado um craque goleador, em plena forma, esquentando o banco.
Continuamos vivendo uma crise desnecessária (e evitável) atrás da outra.
Quando a poeira e as curvas de contaminação baixam, é o próprio zero-zero quem entorna o caldo.
Se não ele, algum subministro de terceira, ou um dos garotos numerados a jogar mais dejetos no ventilador.
Eleito a ferro de faca, com mais votos contra o adversário que a favor, não percebeu a perda dos ativos eleitorais.
Quis o desígnio que nenhum dos convidados, entre políticos insignificantes, tivesse aceitado compor a chapa azarão.
Serendipity.
O acaso nos protegeu.
Já não é hora de chamar o Mourão?