2 de maio de 2024
Política

NECESSÁRIO TRAPALHÃO

 

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Retrato do Marechal Floriano Peixoto – Oscar Pereira da Silva (1865-1939)

De quem não nasceu com o dom, nem cultivou o hábito de elogiar, e já tendo perdido a ternura, uma crítica pode ser um baita sinal de benquerença.

Para descartar de vez a possibilidade de marcharem juntos na ordem unida do próximo pleito eleitoral, o capitão já ordenou para o general sair de forma.

Em posição de descanso há tempos, com uma ou outra missão periférica, muito aquém da capacidade, o vice-presidente foi o primeiro barrado na parada que só está começando.

Atrapalhar um pouco, a transgressão disciplinar pela qual é acusado é uma constatação que o advérbio de intensidade está sendo bem  empregado.

Se tivesse atrapalhado mais, melhor teria sido.

Os reservas que já foram eleitos em escrutínios independentes, perderam com o vínculo do voto,  o direito de auditar a conta de quantos escolheram seus nomes nas urnas.

Apesar do mantra vice é vice, nossa História tem registrado que o cargo subalterno não é desprezível.

Tem natureza e nobre serventia.

O país pode até prescindir do seu presidente, nunca do vice.

Tem sido assim, desde o primeiro, o marechal de ferro.

Eleito com Deodoro, poucos meses depois, Floriano já era o número 1.

Desde a mais recente redemocratização, o estepe garante a continuidade das nossas sucessivas baldeações.       

Até a próxima tragédia.

Tem quem fale em eliminar o cargo e em casos de impedimento, novas eleições.

A tradição presidencialista não é esta.   

Os anais registram presidentes afastados que não fizeram falta alguma.

No banco de suplentes, deve estar sempre alguém preparado para entrar em campo, mexer no time  e virar o jogo.

Impensável, um técnico escalar um perna-de-pau qualquer, tendo ao seu lado, à beira do gramado um craque goleador, em plena forma, esquentando o banco.

Continuamos vivendo uma crise desnecessária (e evitável) atrás da outra.

Quando a poeira e as curvas de contaminação baixam, é o próprio zero-zero quem entorna o caldo.                                           

Se não ele, algum subministro de terceira, ou um dos garotos numerados  a jogar mais dejetos no ventilador.

Eleito a ferro de faca, com mais votos contra o adversário que a favor, não percebeu a perda dos ativos eleitorais.

Quis o  desígnio que nenhum dos convidados, entre políticos insignificantes, tivesse aceitado compor a chapa azarão.

Serendipity.

O acaso nos protegeu.

Já não é hora de chamar o Mourão?

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