11 de maio de 2024
Opinião

Agito da transposição acordou nossa eleição

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Roda Viva – Tribuna do Norte – 16/02/22

A presença do Presidente da República, dois dias zanzando pela região do Seridó, semana passada, pode ter sido a causadora de uma mudança – ou antecipação – nos rumos para a próxima eleição no Rio Grande do Norte (certamente, não a única).

Jair Bolsonaro veio ferrar a marca do seu Governo numa das maiores obras governamentais em toda a história do Estado: a transposição das águas do rio São Francisco estabelecendo um novo padrão de segurança hídrica na região mais seca de um estado marcado pela seca.

Candidato à reeleição e enfrentando uma fase eleitoral difícil, sobretudo no Nordeste, Bolsonaro elegeu no seu grupo, o Ministro de Desenvolvimento Regional, o norte-rio-grandense Rogério Marinho, como seu candidato ao Senado pelo RN.

A visita de Bolsonaro deu a Marinho a oportunidade de apresentar uma estrutura de mais de 140 Prefeitos, comprometida com o bolsonarismo. Uma força que nem era lembrada, quando o assunto eleição era discutido. Rogério tinha concorrentes para o Senado dentro do próprio sistema e, aparentemente, conseguiu afogá-los todos nas águas da transposição, criando um momento favorável para falar em eleição, sobretudo com a definição de um candidato a Governador, que não aparecia até então.

SEM ADVERSÁRIO

O único candidato ao Governo viável na oposição estadual, o Prefeito de Natal, Álvaro Dias, por mais tentado que tenha sido, não assumiu a candidatura em nenhum momento; no máximo admitiu uma dúvida.

Os dois ministros – Rogério Marinho e Fábio Faria – sentiram que não haviam emplacado suas candidaturas ao Governo; e ficaram arengando pela candidatura ao Senado através da mídia, num caminho que não levava a nada.

A programação da inauguração da Transposição permitiu que essa estrutura de 140 Prefeitos (costurada pacientemente ao longo de dois anos) juntamente com o Presidente da Assembleia, Ezequiel Ferreira de Souza, também presidente estadual do PSDB, o discreto parceiro de Marinho na construção desta força e, muito provavelmente, seu companheiro de chapa.

É verdade que não houve lançamento de candidatura, mas ao contrário das muitas conversas que rolaram desde então, desta vez a oposição à Fatima tratou a questão com todas as letras; dando nome e sobrenome.

Rogério Marinho disse que a chapa será revelada ainda em fevereiro, mesmo sem seu companheiro de chapa ter participado da movimentação da semana passada. O nome para o Governo é de outro partido e tem candidato a Presidente (João Dória), mas, na Assembleia durante a viagem presidencial fez os afagos ao Presidente, na medida certa. Enalteceu a importância da transposição, atribuindo os méritos pela conclusão do projeto a Bolsonaro.

MEXER NA CHAPA

Do outro lado, a governadora Fátima Bezerra não vinha precisando fazer nada. Os adversários trabalhavam por ela. As esporádicas pesquisas divulgadas a colocavam numa posição confortável e não aparecia ninguém   para tirar o seu sossego.

Essas pesquisas – na sua maioria – contratadas por candidatos ou grupos políticos, não revelaram nada que pudesse desassossegar a chefe do Executivo. Tais pesquisas trabalharam para ela, na medida em   que a colocavam sempre na liderança e contribuiam para que não aparecesse o nome do seu eventual adversário.

Foi a presença de Bolsonaro no Estado que pode ter estimulado Fátima até a mexer na sua chapa. E ela foi buscar no outro lado, o seu adversário direto em 2018, o ex-prefeito de Natal Carlos Eduardo, para ser candidato ao Senado, no lugar de Jean Paul Prates (que chegou lá por ser seu suplente. Assumiu com a renúncia de Fátima para assumir o governo).

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