2 de maio de 2024
Saúde

AGONIA SEM FIM

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Agonia no Getsêmani – Goya – 1819


Há um ano, no registro do fim anunciado de um hospital,  não se imaginava que fosse processo tão demorado.

E o paciente terminal, tão resistente.

Do grupo de risco, pela idade e comorbidades, sobreviveu à Covid-19.

E continua salvando vidas.


(Publicação original em 08/10/2019)


ESTRANHO HOSPITAL

Coisas inexplicáveis acontecem na assistência médica do setor público.

Serviços e hospitais são fechados, com uma ou outra reclamação (só pra cumprir tabela), sem muito choro e pouca vela.

Depois, caem no esquecimento. E como dizem os yankees: that’s it. Foi.

Ponto final.

Não se fala mais nisso. Nem em imprudência, muito menos, negligência.

O mesmo não acontece com os gestores (palavra carregada de toda maldição) que os abriram.

Responderão pelo resto da vida.

A agonia do Ruy Pereira, doente terminal condenado à morte lenta, provocada, sem direito a eutanásia, por falência múltipla dos órgãos e descaso, fica sem autores.

Responsabilidades diluídas em porções infinitesimais

Ninguém quer herdar o epíteto do Governador  Dinarte Mariz por ter fechado a Lagoa Manoel Felipe.

Trágica ironia para lugar que trata doenças vasculares.

Veias abertas. Exangue.

Os predadores de rapina aparecerão depois para cuidar da carcaça no banquete mórbido de sempre.

Aí, Maria Preá e Inês já estarão mortas.

As regras são claras.

Todo contrato de aluguel prevê que o imóvel ao ser devolvido, deve estar nas mesmas condições das  recebidas.

Quem nunca deu uma mãozinha de cal antes de entregar uma casa alugada?

Não foram os proprietários os causadores das avarias e não são eles os responsáveis pela manutenção do prédio.

Os equipamentos médicos, têm tido os valores dos aluguéis devidamente reduzidos, seguindo tabelas de depreciação e obsolescência.

O pau  dá em Chico e em Francisco.

No imóvel, imagina-se que antes da devolução, o locatário vá recuperar tudo que o uso, o desgaste e o tempo provocaram.

E que vá deixar  as instalações físicas como eram e como foram  aceitas e aprovadas pelos órgãos fiscalizadores. Há nove anos.

Perguntinhas que não ofendem,  ainda não respondidas porque nunca antes feitas:

Quem irá responder por improbidade sobre os  prejuízos causados aos usuários e à equipe multidisciplinar que já tendo ultrapassado a curva de aprendizagem, atingiu o tempo da afinação?

Agora fatiada em pedaços, destroçada?

Os mesmos recursos que serão gastos para cumprimento das cláusulas do distrato da locação não poderiam ser utilizados para continuar a tratar pés diabéticos, revascularizar pernas trombosadas e salvar vidas?

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