BEM AVENTURADOS OS MANSOS
Seus ombros e os dos poetas suportam o mundo.
Mesmo que Drummond tenha dito que o peso carregado não é maior que o das mãos de uma criança, a tarefa tem limites.
Botam fogo na floresta tropical, não permitem que o barco dos imigrantes clandestinos atraque, descobrem mais um bispo pedófilo, Trump manda brasa em algum lugar, não dão bolas para o aquecimento global ou outra crise humanitária qualquer, não falha. Ele tem que meter sua férula.
Uma prerrogativa do cargo.
Não tem jeito, um dia a casa cai. Ou pega fogo, a clausura.
Surgem os sinais de tensão emocional e estresse.
Burnout.
Síndrome que se manifesta em pessoas cuja profissão exige envolvimento interpessoal direto e intenso.
Não é a primeira vez que acontece.
O acesso de fúria no pátio do templo, mesmo sem registros filmados, correu o mundo.
Ninguém ficou ferido, nem BO foi registrado mas nunca se deixou de falar quando Ele derrubou as mesas dos cambistas e as cadeiras dos que vendiam às pobres mulheres, pombas para sacrifícios.
Não reclamou dos maus tratos aos animais. Só dos preços exorbitantes.
Em Roma, foi a peregrina quem pagou o pato de pequim.
Há como evitar outros incidentes desagradáveis antes que aconteça algum santo safanão mais vigoroso. Ou um sossega-leão pontificial.
Como as férias em Castel Gandolfo ainda custam a chegar, o melhor é seguir o conselho de quem enfrenta o mesmo mal há pouco mais de um ano.
E, sem Rivotril, continua manso e fleumático.
O segredo é como equilibrar a mitra.
– Se eu não tiver a cabeça no lugar, eu alopro.