27 de abril de 2024
Imprensa Internacional

Bolsonaro, mensageiro da paz

 

Se as relações do Brasil evoluírem depois da visita do Presidente Bolsonaro à Rússia, é bom você já ir se acostumando com a o humor fino e a sutileza da imprensa russa.

O centenário Pravda que já foi porta-voz oficial do governo soviético, e depois de privatizado em 1966, continua como principal janela para observação da política russa, atribui uma importância para a visita da delegação brasileira que não foi registrada pela mídia brasileira.

Nosso capitão-presidente, quem diria, pode adiar o início da guerra com a Ucrânia.

Deu no Pravda de Moscou:

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Não haverá guerra com a Ucrânia, porque Bolsonaro estará em Moscou

 – Pravda, 15/02/2022

O presidente brasileiro Jair Bolsonaro estará em Moscou em uma visita de Estado em 16 de fevereiro, dia em que a Rússia supostamente declarou guerra à Ucrânia.

Depois disso, Bolsonaro irá ao primeiro-ministro Viktor Orban na Hungria.  Ele não adiou sua visita a Moscou, demonstrando assim que não acredita na histeria dos EUA sobre o ataque da Rússia à Ucrânia.

Ele tem razões para isso.

Jair Bolsonaro considera Vladimir Putin “nosso homem” (como Viktor Orban), ou seja, um conservador que acredita em Deus, em uma família normal, um pragmático que trabalha para seu povo.

Diplomatas brasileiros acreditam tacitamente que a Rússia tem razão no conflito com a OTAN, porque a Ucrânia é historicamente uma zona de sua influência, “e a expansão da OTAN nos últimos anos para países europeus tem sido muito maior do que a da Rússia, que anexou a Crimeia à sua território em 2014”.

Jair Bolsonaro terá que tentar a reeleição no outono, enquanto está atrás nas pesquisas contra seu rival, o político de esquerda José Inácio Lula da Silva.  Encontro com Vladimir Putin vai elevar sua classificação – brasileiros não gostam de “gringo”.

Bolsonaro mostra que seu país tem soberania, e ele tem coragem, isso também funciona para a classificação entre o povo e na região.

Portanto, apesar de os Estados Unidos pressionarem fortemente o presidente para cancelar a viagem, Bolsonaro não sucumbiu à pressão.

“Pedimos a Deus a paz mundial para o benefício de todos nós”, disse o líder brasileiro antes de sair.

Segundo ele, ele deve resolver vários problemas econômicos importantes na Rússia, em especial, para chegar a um acordo sobre o fornecimento de fertilizantes e conseguir o fornecimento isento de impostos (sob cota) de carne brasileira para a Rússia.  Essas são tarefas importantes para a economia brasileira.  As exportações russas para o Brasil em 2021 totalizaram cerca de 5,7 bilhões de dólares (60% são fertilizantes).

No mesmo período, as vendas do Brasil para a Rússia somaram cerca de 1,6 bilhão de reais.  Em geral, não faria mal ao Brasil aumentar as exportações para a Rússia.

Especialistas liberais brasileiros têm certeza de que, de uma forma ou de outra, a conversa sobre a Ucrânia surgirá e então Bolsonaro precisa permanecer neutro e não apoiar nenhum dos lados do conflito.  Mas eles temem que o presidente possa “escorregar em uma casca de banana” e deixar escapar coisas que os EUA não vão gostar.  

Para a Rússia, a visita de Bolsonaro também é muito bem-vinda.

O maior país da América Latina prefere ouvir Moscou a Washington e pode em breve, como a Argentina, querer uma parceria estratégica com a Rússia.  Isso prejudicará a imagem e a posição dos Estados Unidos na região.

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