3 de maio de 2024
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CIÊNCIA EM DESENCANTO II

Uma investigação do Dr. Simarro no laboratório (1897) – Joaquín Sorolla y Bastida – Museu Sorolla, Madri


Há dois anos, no auge da grande onda da maior das epidemias, uma droga recebeu a láurea da mais desacreditada de todas, desde as infusões de cascas de salgueiro do
Dr. Hipócrates, recomendadas para baixar febre e amenizar dores.

A Hidroxicloroquina, o remédio execrado por cientistas, políticos e jornalistas,  tem agora  sua eficácia comprovada em trabalhos científicos rigorosos sob a chancela do Departamento de Epidemiologia da Universidade de Harvard.

A Ciência nunca negou reconhecimento e honras aos que abrem os piquetes para seu séquito passar.

Muitas vezes tarda.

Mas não falha.

Não fossem os ousados e destemidos de incompreensões, não teríamos seguido as recomendações da Organização Mundial da Saúde.

Lave as mãos.

Use álcool em gel.

Guarde distância.

Corra para o hospital mais próximo, quando ainda puder.

Em 1840, o Dr. Semmelweiss, na Hungria, notou que as parturientes assistidas pelas parteiras tinham menos infecções que as dos doutos cirurgiões.

As doulas atendiam exclusivamente na maternidade.

Os homens da academia faziam outros procedimentos, e de tão ocupados, não tinham tempo de passar água nas mãos.

Levou mais de meio século para a observação do doutorzinho magiar virar verdade científica aceita pelos professores-doutores.

Em 1982, um patologista desconfiou de uma bactéria sempre presente nas biópsias gástricas e passou a estudá-la junto com um colega cirurgião.

Ninguém acreditou no trabalho apresentado, mesmo depois que um deles num gesto ousado, beirando a insensatez, decidiu beber um meio de cultura com Helicobacter pylori .

Demonstrou  que a inflamação gástrica tinha causa infecciosa.

Em 2005, os australianos Warren e Marshall ganharam o Prêmio Nobel de Medicina.

As cirurgias bariátricas já estavam a mil, tratando obesidade mórbida, quando o Profº Walter Pories apresentou sua tese que a incurável Diabetes tipo 2 escafedia-se com a técnica cirúrgica que empregava.

Ouviu muito xingamento de ‘charlatão e enganador.

Hoje, ex-gordos também não precisam tomar remédios para pressão alta.

Os suecos estão em débito com o abnegado cirurgião da Carolina do Norte. Ele também merece ser premiado.

Foi preciso que o cirurgião cardiovascular francês Ronald Virag injetasse no próprio pênis, um mililitro de Papaverinar para que os urologistas reunidos em congresso, acreditassem que a velha e conhecida droga vasodilatadora poderia ser a solução  mais procurada pelos disfuncionantes sexuais.

Em homenagem da indústria farmacêutica, Virag virou Viagra.

E o mundo todo, ficou azul de alegria.

Se não fosse um pouco destabanado e descuidado com a limpeza do laboratório, o Dr. Alexander Fleming não teria descoberto a penicilina.

Mas isso é outra história.

Serendipity.

E ainda dizem que peixe é caro (1884) – Joaquín Sorolla y Bastida – Museu do Prado, Madri

One thought on “CIÊNCIA EM DESENCANTO II

  • PedroArtur

    Parabens Domicio Arruda, Aqui nesse blog nao por vc, mais por outros essa medicaçao era demonizada, sabendo esperar as boas noticias sempre aparece.

    Resposta

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