COMO O CAPITÃO AJUDOU O PAPA
Seus ombros e os dos poetas suportam o mundo.
Mesmo que Drummond tenha dito que o peso carregado não é maior que o das mãos de uma criança, a tarefa tem limites.
Botam fogo na floresta tropical, não permitem que o barco dos imigrantes clandestinos atraque, descobrem mais um bispo pedófilo, não dão bolas para o aquecimento global, Putin manda brasa em alguma ex-província rebelde, ou qualquer outra crise humanitária, não falha.
Ele tem que meter sua férula.
Uma prerrogativa do cargo.
Não tem jeito, um dia a casa cai.
Ou pega fogo, a clausura.
Surgem os sinais de tensão emocional e estresse.
Burnout.
Síndrome que se manifesta em pessoas cuja profissão exige envolvimento interpessoal direto e intenso.
Não é a primeira vez que acontece.
O acesso de fúria no pátio do templo, mesmo sem registros filmados, correu o mundo.
Ninguém ficou ferido, nem BO foi registrado, mas nunca se deixou de falar de quando Ele derrubou as mesas dos cambistas e as cadeiras dos que vendiam às pobres mulheres, pombas para sacrifícios.
Não reclamou dos maus tratos aos animais.
Só dos preços exorbitantes.
Em Roma, foi uma peregrina quem pagou o pato, só porque queria um contato imediato de um aperto nas santas mãos.
Outros incidentes desagradáreis antes que acontecesse algum safanão mais vigoroso, um sossega-leão pontificial, foram evitados
Francisco – née Jorge Mario Bergoglio – seguiu o conselho de quem não estava preparado para assumir, nem deixar, o mais alto posto honorífico da suprema república judiciária.
E, com a dose certa de rivotril, apesar de choramingante, continuou manso, fleumático e surdo ao burburinho das ruas.
O segredo que as Tias do Zap, nos piqueniques nas portas dos quartéis já esqueceram, foi o próprio capitão que revelou quando começaram a falar na rachadinha do Zero1:
–Se eu não tiver a cabeça no lugar, eu alopro.
O Santo Hermano, que acredita em fakenews de três instâncias, aprendeu a segurar a onda.
A mitra continua equilibrada.