3 de maio de 2024
Imprensa Nacional

CPI da Covid tem sua primeira testemunha presa em depoimento

Da Folha 

Em depoimento à CPI da Covid nesta quarta-feira (7), o ex-diretor de Logística do Ministério da Saúde Roberto Ferreira Dias deixou lacunas e contradições sobre a sua participação nas conversas com intermediários da Davati Medical Supply, empresa que prometia a venda de 400 milhões de doses da AstraZeneca, mas não era sequer credenciada pela farmacêutica.

Ele confirmou a ocorrência de jantar em Brasília com o policial Luiz Paulo Dominghetti Pereira, mas negou ter pedido propina de US$ 1 por dose, e disse que o encontro ocorreu por acaso.

Dias também jogou sobre a Secretaria-Executiva da Saúde, área dominada por militares na gestão de Eduardo Pazuello, a responsabilidade por negociações das vacinas, mas reconheceu que trocou mensagens por WhatsApp e email com intermediários da empresa.

LACUNAS NO DEPOIMENTO DE DIAS

  • Jantar e propina O ex-diretor da Saúde confirmou que ocorreu um jantar em um restaurante de Brasília no dia 25 de fevereiro com o policial militar que prometia a venda de 400 milhões de vacinas, mas disse que não o conhecia, e que o encontro ocorreu por acaso. Dias negou ter pedido propina neste dia. Ele reconheceu, porém, que o seu ex-assessor e coronel da reserva Marcelo Blanco, que acompanhava Dominghetti no jantar, sabia que ele estava no restaurante.
  • Áudio Em mensagem por áudio veiculada durante a sessão da CPI, obtida do celular de Dominghetti, que foi apreendido, o PM afirma a um interlocutor que teria uma reunião com Dias no dia 25 de fevereiro, o dia do jantar no restaurante de Brasília. O ex-dirigente da Saúde manteve a afirmação de que não marcou encontro com o PM de Minas e que o encontro foi casual.
  • Negociação paralela Apesar de afirmar que não tinha a função de negociar vacinas, responsabilidade atribuída por ele à Secretaria-Executiva da Saúde, área dominada por militares, Dias reconhece que conversou até por WhatsApp com um representante da Davati dias antes do jantar. O ex-diretor procurou por WhatsApp Cristiano Carvalho,representante da empresa, em 3 de fevereiro para perguntar sobre a oferta das doses. Ele alegou à CPI que não estava negociando vacinas, mas apenas checando se a proposta era verdadeira.
  • Oferta Dias também disse que soube da oferta de 400 milhões de doses a partir de Blanco, o mesmo ex-colega que levou Dominghetti ao jantar. Disse que recebeu em outra data o reverendo Amilton Gomes de Paula, que também tentava intermediar o negócio com a Davati, mas não deu detalhes sobre quem pediu a reunião.
  • Hierarquia Dias afirmou que, por falta de documentos da Davati, não repassou as propostas ao então secretário-executivo da Saúde, coronel da reserva Elcio Franco, apesar de ordem interna para centralizar as discussões sobre vacinas para a Covid-19 na área comandada pelo ex-braço direito de Pazuello.
  • Relação com militares Dias sinalizou aos senadores que sofreu interferências da Secretaria-Executiva, ou seja, de militares aliados a Pazuello. Ele relatou que dois de seus auxiliares foram trocados por militares, e que havia “contato direto” muitas vezes entre estes novos colegas com a cúpula da pasta. Dias, porém, disse desconhecer as razões das exonerações dos seus auxiliares ou de quem partiu esta ordem.
  • Exoneração O ex-diretor também disse desconhecer que ele mesmo foi alvo de um pedido de demissão movido pelo ex-ministro Pazuello. Senadores insistiram no depoimento para que Dias apontasse nomes de militares da cúpula da Saúde que trabalharam para supostamente esvaziar as suas funções na Diretoria de Logística

2 thoughts on “CPI da Covid tem sua primeira testemunha presa em depoimento

  • observanatal

    Já era para ter prendido enrolações como esse antes.

    Os governistas só fizeram zoada porque Pazuello e outros voltarão a depor, então poderão sair presos. É a ilusão que quero ter.

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  • Paulo Cesar

    CPI do desespero da oposição, CPI da piada onde criminosos presidente e relator da CPI fazem inquisição dos honestos , neste caso da covaxin foi o mesmo do leite condensado quando denúncias de superfaturamento não era nada e sim preço por caixa de 24 unidades, e neste caso da covaxin o mesmo pois são embalagem com 5 doses em cada uma , aí algum ignorante imaginou que seria preço unitário por dose , e tem mais um detalhe muito importante , não foi comprado nada

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