DEFEITOS COLATERAIS
Nunca tantos ouviram tanto e aprenderam tão pouco sobre um assunto, quanto em relação à vacina.
A Ciência fez a parte dela.
Desenvolveu em tempo recorde, fora de qualquer previsão mais otimista, imunizantes já provados, de relativa segurança e eficácia.
A expectativa, na longa espera, era que ao final, o túnel seria feericamente iluminado.
O resto, apenas detalhes de logística, distribuição e aplicação das doses.
Não é o que se tem visto mundo a fora.
Os meios de comunicação também têm feito a parte deles.
Nos Estados Unidos, país com maior número de casos e óbitos, tão cedo o azimute político encontrou um norte sensato, a imunização foi acelerada e metas por mais ambiciosas que parecessem, batidas, dilma e sucessivamente, dobradas.
Quando tudo aparentava no rumo certo, começaram a ser detectados desvios do planejado.
A procura aos pontos fixos de vacinação diminuiu. O mesmo ocorreu com os postos instalados em drive thrus.
Passaram então, a ser também aplicadas em farmácias.
Tudo grátis.
As filas sumiram.
Agora, surge uma preocupante observação.
Dos que deveriam receber a segunda dose, contados em milhões, simplesmente não apareceram.
Em algumas cidades, o no show é de até a metade do público esperado.
Das razões apresentadas, a maioria, por receio de apresentar reações maiores que tiveram da primeira vez.
Outros, por já se considerarem suficientemente protegidos.
Os meio-imunizados estão sendo caçados.
O trabalho de convencimento, por telefone, recebe ajuda de uma ampla campanha publicitária, em inglês e espanhol, para aumentar a confiança da população.
No Brasil, vice-campeão absoluto em índices negativos, não se repete o mesmo comportamento.
Talvez, pelo recebimento dos imunizante em remessas fracionadas, restritas aos grupos prioritários e as trapalhadas das aplicações, fizeram da vacina, um troféu particular, que quando conquistado, liberta as proibições.
Não foi passada nem percebida a noção que a vacinação é um bem coletivo.
Seu objetivo é erradicar da face (globosa ou plana) da terra, a doença mais universal e democrática de todas.
Quem passou oito horas numa fila, precisa saber que seu esforço só dará resultado se a maioria da população tiver a mesma oportunidade e persistência.
O mesmo vale para países que encomendam, com pagamentos antecipados, vacinas em números multiplicados dos habitantes.
Toda esta opulência de anticorpos não os livram da insegurança.
Por maior que seja o controle das suas fronteiras.
O vírus já mostrou que é mais complexo, imprevisível e sábio.
O que se conhece dele, não permite que sejam proclamadas verdades definitivas a seu respeito.
Entre as incontáveis mensagens que já mandou, uma só não é decifrada por quem não quer.
A pandemia jamais será vencida pelo egoísmo.
Seu texto é a verdade nua e crua. Somos atingidos por um mal maior do o coronavírus. A velhíssima falta de educação, sem ela nada prospera. Meu saudoso pai, semi alfabetizado, me dizia muitas vezes: Estude para virar virar gente e não ter de puxar cobra para os pés. Deu certo.
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