3 de maio de 2024
História

DESVIO DE ROTA

Laskarina Bouboulina – Museu Histórico Naciobal de Atenas – Autor desconhecido


O que foi anunciado como um dos maiores desastres ecológicos nas praias nordestinas, completou quatro anos.

Todas as previsões dos ecologistas, professores-doutores, que os efeitos da poluição seriam observados por décadas, não se confirmaram.

Nem as causas dos estragos que foram resolvidos pelas pessoas do povo, com pouca ajuda dos governos.

O navio grego que passou ao largo da costa, sem deixar rastros nem impressões digitais criminosas, serviu pelo menos para que se conhecesse a bela história de uma mulher valente que merece ser recontada.

Tudo começa na paulistana  Barra Funda, numa simpática taverna de esquina tranquila, com mesas espalhadas pelas calçadas, onde  convivem em paz as culinárias grega e turca.
O
chopps e o ouzo.

Do outro lado do mundo, no porto de Pireu, um homônimo restaurante, da sofisticada alta gastronomia mediterrânea.

Se engana quem associa o nome, Laskarina a um grande chefe de cozinha ou a alguma iguaria exótica.

Quando no jogo de cartas marcadas, de pai para filho, sem brigas, só com um único e ensaiado grito, conquistávamos a nossa, os fundadores da democracia  estavam em luta sanguinária pela deles.

Na independência conquistada nas  hercúleas batalhas  contra o império otomano, uma heroína fez nome e história

Nascida numa prisão em Constantinopla, onde o pai cumpria pena e veio a falecer, foi criada em Hydra sob a proteção dos deuses e da rainha Iemanjá.

De ilha em ilha, a paixão pelo mar.

Em Spetses,  pelos homens, ancorou.

Mais uma helena à espera dos viageiros, duas vezes jogados ao mar com todas as honras que só capitães de longo curso recebem.

Na nesga de terra firme, sete filhos pra criar e uma imensa fortuna a cuidar.

Ao invés dos longos bordados, teceu grandes navios.

Agamemnon, a jóia da sua coroa de louros, com 18 canhões, venceu a guerra e seus sultões e libertou as mulheres dos haréns.

A vida, finda aos 55 anos numa batalha sem fama. Um tiro de vingança em pagamento ao furto de uma moça pelo filho apaixonado.

A contra-almirante Laskarina foi a primeira mulher condecorada pela marinha russa .

Em cada cidade grega, uma rua tem seu nome.

No coração e nas mentes dos compatriotas, veneração.

Vida, glória  e memória perpetuadas no museu insular, um dos 1000 lugares para conhecer antes de morrer, lembrada para sempre.

Pelos  mares, parrachos, mangues e praias de terras tão distantes, Laskarina ‘Bouboulina’ Pinotsis já é uma mancha esquecida nas marés da  memória.

Laskarina Bouboulina – Peter von Hess (1792-1871) – Museu Bouboulina, Spetses, Grécia

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