9 de maio de 2024
Nota

Episódio com “dama do tráfico” é retrato da inteligência e controle das repartições em Brasília

É inadmissível, e imperdoável, um descuido desse tamanho e dessa gravidade: o Ministério da Justiça, logo o Ministério da Justiça, responsável pela Segurança Pública, abriu as portas e os gabinetes, com direito a fotos, a uma mulher conhecida como “dama do tráfico”, condenada a dez anos de prisão por diferentes crimes e casada com um sujeito apelidado de Tio Patinhas, que é líder do Comando Vermelho no Amazonas e cumpre pena de 30 anos, inclusive por homicídios (no plural).

VAZ ASSUMIU RESPONSABILIDADE, MAS NÃO PEDIU DEMISSÃO 

O secretário de Assuntos Legislativos do ministério, Elias Vaz, assumiu a responsabilidade, mas isso é pouco, muito pouco, para quem não apenas recebeu a “dama do tráfico”, Luciane Barbosa, como a encaminhou a outros três integrantes da cúpula da Pasta comandada pelo ministro Flávio Dino. O mínimo que Vaz deveria fazer, até para reduzir a pressão sobre Dino, era pedir demissão, se é que não o fez até o fechamento dessa edição.

A “explicação” do ministério não é só simplória, é vexaminosa: seria “impossível” a inteligência identificar quem era a “visitante” e o risco que todos estavam correndo. Como impossível? A inteligência existe para o que? E há complicadores: ela foi a primeira vez, voltou depois, circulou livremente e encontrou-se com quatro secretários ou diretores, sem sequer estar na agenda de qualquer um deles.

TOUR NO CONGRESSO COM VISITA A DEPUTADOS

Para piorar, a “dama do tráfico” também fez um “tour” pelo Congresso e tirou fotos com parlamentares governistas e na porta de gabinetes da oposição, além de ir às sedes da ONU em Brasília e do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e de um segundo ministério, o de Direitos Humanos.

O que deixa no ar uma pergunta sem resposta: o que ela realmente queria e o que conseguiu? O pretexto para adentrar os palácios foi a “questão prisional”, e a verdade?

INTELIGÊNCIA DE FOLGA 

De qualquer forma, a inteligência e a administração do Ministério da Justiça e dos outros ilustres endereços da República mostraram-se despreparados e negligentes, enquanto a “dama do tráfico” confirma a desenvoltura, a audácia e a dimensão do crime organizado no Brasil, além da incúria do próprio sistema judiciário do Brasil.

Como uma criminosa condenada a dez anos de prisão pode estar livre, leve, solta e aprontando dessas e outras na capital do País?

Fonte: Eliane Cantenhede no Estadão 

One thought on “Episódio com “dama do tráfico” é retrato da inteligência e controle das repartições em Brasília

  • observanatal

    Muito amadorismo para quem deveria ter o mínimo de bom senso. E a esquerda diz o que sobre isso?

    Resposta

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