30 de abril de 2024
Opinião

Falta linha para garantir o futuro tranquilo da energia

Roda Viva – Tribuna do Norte – 10/05/23 

Dispondo de 4.549 giga watts (GW) em parques eólicos contratados e em construção, para serem implementados nos próximos cinco anos, (representando investimentos de R$ 30 bilhões) o nosso Rio Grande do Norte, não tem a garantia de um futuro econômico tranquilo.

Uma reversão de expectativa pode transformar essa situação confortável em pesadelo para os potiguares.

Esse futuro tranquilo para os norte-rio-grandenses está ameaçado pela falta de linhas de transmissão para escoar a produção energética gerada pelos ventos potiguares.

Responsabilidade do governo federal, a falta dos chamados linhões tornou-se uma ameaça que mistura imprevidência com um mercado paralelo de usinas ociosas que com lugar garantido nas grandes vias de escoamento de energia para ser consumida além de nossas fronteiras mas faltava produção.

INVESTIMENTO DUVIDOSO

Existem muitos projetos eólicos, e até solares, nas mãos empreendedores que querem colocá-los de pé, mas hoje não há margem certa de escoamento de transmissão na região Nordeste.

Alguns projetos conseguiram acesso à conexão, mas novos pedidos feitos nos últimos meses tiveram negativa do Operador Nacional do Sistema Elétrico, que depende da realização de novos leilões.

Parece uma situação absurda: o empreendedor que optou pelo RN, mesmo dispondo de uma outorga do governo federal não tem a garantia de acesso à transmissão da energia aqui gerada para chegar ao mercado consumidor.

Trata-se de um problema enorme – de R$ 50 bilhões – que está segurando um número significativo de projetos impedidos de entrar em funcionamento pela falta de linhas de transmissão que garanta o escoamento de energia aqui produzida.

RN POR QUEM CONHECE

Rodrigo Mello, que lidera o CTGAS-ER, trabalhando no assunto desde 2004 (tornando-o o principal centro de formação de mão de obra qualificada para o setor), explica que o Brasil tem destaque em segurança energética, e em especial, no Rio Grande do Norte. “Com esse Brasil continental, nós temos uma possibilidade imensa de ampliar a nossa geração a partir das fontes eólica e solar. Temos uma fronteira grande que se apresenta para o Brasil na área de energia eólica offshore, que é a energia eólica gerada no mar”, confirma.

Mas a falta de escoamento garantido para a energia que venha a ser produzida, não vinha sendo vista como um problema inadiável que está exigindo agora que se tome providências imediatas para que as potencialidades do Estado não venham a se inviabilizar pela falha do governo federal, negligenciado no cumprimento da sua parte no processo.

UNIÃO DOS GOVERNADORES

Os Governadores do Nordeste estão sentindo as dificuldades geradas pelo travamento da operação em virtude da falta de linhas de distribuição e já estiveram reunidos para definir uma ação conjunta na busca de uma solução para o novo grande problema.

Segundo o governador da Paraíba, João Azevêdo (PSB), “esse é o grande gargalo para ampliar a participação do Nordeste na geração desse tipo de energia, fundamental para mudança da matriz elétrica brasileira”.

A pauta geração de energias renováveis na região Nordeste tomou boa parte do tempo das discussões da Assembleia Geral do Consórcio NE (de Governadores), a primeira do ano, que aconteceu em João Pessoa.

A preocupação revelada pelos governadores é com a fuga de investimentos em energia eólica e solar, principalmente, por causa da falta de linhas de transmissões na região.

FIM DA FILA

Mesmo que, no calendário do Governo Federal, o Rio Grande do Norte tenha ficado para o próximo ano, a governadora Fátima Bezerra não diminuiu o seu otimismo com o ministro Alexandre Silveira.

Em vez de brigar pelo seu lugar na fila do linhão, ela prefere ter uma visão global da situação. Seus argumentos são os números que nos são favoráveis: R$ 31 bilhões em novos projetos (e que só dependem dos linhões) colocados na mesa de negociações, reforçados pelas palavras do ministro

Palavra do Ministro: “Serão destravados mais de R$ 120 bilhões em investimentos privados na área de geração renovável. Os leilões vão acontecer e trarão mais de R$ 56 bilhões de investimento para transmissão de energia do Nordeste. Neste primeiro semestre, já está na Aneel, e eu tenho pedido que ela se debruce na velocidade desse processo. Serão leiloados R$ 16 bilhões, mais R$ 20 bilhões até o final de 2023. Outros R$ 20 bilhões estão programados para o ano que vem”. Pelo cronograma do Ministério das Minas e Energia, o leilão que atende aos interesses do Rio Grande do Norte seria realizado em 2024, mas deverá ser antecipado para o segundo semestre deste ano.

Só nos resta esperar – e torcer – para que aconteçam.

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