8 de maio de 2024
Pandemia

ISOLAMENTO AMOROSO

Replaceface/ Sustituindo o rosto (2016) – Steve Payne, artista plástico inglês, substituiu digitalmente alguns dos rostos mais famosos da nossa época, em corpos de generais de guerra russos dos anos 1800.


O maior  mistério do lockdown é como explicar   a  sobrevivência dos relacionamentos   extra-conjugais.

Não sobravam desculpas para  as rapidinhas, apesar de tantas idas às farmácias e supermercados.

Quando ao  home office sentimental, o segredo era manter as senhas bem escondidas.

Steve Jobs, o gênio das inovações tecnológicas, nunca imaginou que sua criação fosse acabar com tantos casamentos, depois de ter erradicado o analfabetismo.

Pelo menos, o digital.

Hoje, iletrados, funcionais ou não, mandam suas mensagens faladas e o aparelhinho, acessível a quase todos, faz o resto.

Transforma palavra escrita em oral, vice-versa e não para nem nas barreiras dos idiomas.

Em tempos de inteligência artificial, o próximo avanço, ninguém pode prever.

Quem há de saber se os modelos novos não  terão um aplicativo para a psicografia e comunicação com os mortos?

Houve um tempo, (começo do Windows e antes do império da Internet) que poucos tinham acesso  ao mundo maravilhoso dos computadores.

Amigo, em união estável com uma analfabeta digital (não desenhava no Paintbrush, um O com um mouse) era um bambambã dos teclados não musicais.

Sem redes sociais, ainda, tinha alguns companheiros  virtuais com os quais trocava mensagens.

Protegido pela ignorância total da parceira que nunca havia dado um enter sequer, resolveu compartilhar (termo a ser expandido no futuro) com um confidente cibernético, uma aventura extramatrimonial.

E tome pabulagem.

Depois de um dia daqueles,  ao voltar pra casa, foi atraído (e traído) pelo brilho da telinha que tinha certeza,  ter deixado desligada.

Exibindo a página mais picante da peripécia.

Uma amiga da mulher (que já há um tempão, andava meio desconfiada), fera na informática, fez o passo-a-passo.

Estória revelada tintim por tintim.

Foi assim que o relacionamento, não virtual,  foi para o ciberespaço.

(O texto contém episódio já publicado em 10/05/2019)

O filho de um imigrante da Síria (2015) – Bransky -Campo de refugiados A Selva, Calais, França

 

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