12 de maio de 2024
Memória

JORNALISMO SEM ADEUS

Guarda da SS no canal de Dachau, Alemanha (1945) – Lee Miller – NSU Art Museum Fort Lauderdale


Há quatro anos, dois antes de falecer, quando publicou sua última crônica, 
Danuza Leão não teve despedidas, choro nem vela.

Saiu à francesa.

Uma  amiga inconfidente, revelou num blog, que a modelo da alta-costura, relações públicas, promoter, jurada de programa de TV, colunista de jornalão, escritora de best-sellers e até atriz de filme de Gláuber Rocha, não aguentava mais a auto-censura.

Nem sempre os jornalistas têm direito a despedidas dos espaços que ocupam por décadas.

Por tempo de serviço, o correspondente internacional Luís Fernando Silva Pinto requereu o benefício da aposentadoria.

Depois de rodar o mundo, cobrindo guerras que não respeitavam armistícios, estava em porto seguro, afundeado em Washington, a capital mundial da política.

Sua derradeira participação no noticiário, já tarde da noite,  foi uma lição de elegância e satisfação ao público.

Fez um breve resumo dos 44 anos da profissão, lembrando ter acompanhado conflitos armados, sem nomear nenhum deles.

Todos iguais na insensatez.

Não deixou esquecida sua dedicação em garimpar os avanços da ciência que trazem esperanças de uma vida melhor.

Longe do tipo velho lobo do mar, enalteceu as qualidades dos novos colegas, reconhecendo que sua geração que se renova, era mais arraigada a preconceitos.

O epílogo da saga não poderia ser mais singelo e tocante.

Escolheu como a melhor de todas, a reportagem da sua vida, a realizada em Nova Délhi,  há 38 anos.

Foi  no tumulto dos funerais de Indira Gandhi que conheceu a mulher com quem viria casar um ano depois.

A Heraldo Pereira, âncora do jornal que não contaria mais com sua presença, deixou uma pista do que pretendia fazer dali pra frente.

Se alguém perguntar que fim levou aquele repórter?                                                                            A resposta será simples.                                               Ele está bem.                                                                Está com a namorada.

É tudo tão simples.

***
Assista vídeo de 2 minutos:

Despedida do veterano correspondente em Washington Luis Fernando Silva Pinto do Grupo Globo (12/20)

(Este texto, publicado em 12/12/20, sofreu alterações, para torná-lo atemporal)

Lee Miller na banheira de Hitler, Prinzregentenplatz, Munique, Alemanha (1945), foto para a Revista Vogue

Elizabeth “Lee” Miller (1907/1977) foi uma fotógrafa e fotojornalista estadunidense. Foi modelo de moda em Nova Iorque durante a década de 1920 antes de se mudar para Paris e começar a fotografar moda e arte.

Durante a Segunda Guerra Mundial, tornou-se correspondente na Europa da revista Vogue, sendo muito elogiada por seus trabalhos dessa época. Ela cobriu acontecimentos como a Blitz e de Londres, a libertação de Paris e fotografou os campos de concentração em Buchenwald e Dachau.

Fonte: Wikipédia

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *