2 de maio de 2024
Opinião

Lula diz que Partido virou Cooperativa de Deputados

 

Roda Vida – Tribuna do Norte – 13/04/22

Enquanto a campanha não esquentava, o ex-presidente Lula teve de se aproveitar para expor as suas angústias, numa espécie de contraponto ao seu principal adversário.

– Como conviver com o Centrão?

Segundo o pré-candidato do PT a eleição de Deputados (a força do Centro) deve preocupar a todos, “e tem de estar no centro da estratégia do PT para as eleições deste ano”.

Com o crescimento da base governista – avaliou Lula – a eleição de deputados tem de estar entre as principais preocupações do Partido dos Trabalhadores:

– Ainda que vença a eleição deste ano, se a esquerda não tiver uma base forte no Congresso, dificilmente um eventual governo conseguirá avançar em pautas importantes para a sua base.

Lula disse com todas as letras:

“Nós temos uma tarefa quase heroica. Uma coisa revolucionária. Quais são os deputados que vão ser eleitos na cidade em que a gente mora como é que a gente vai fazer para não deixar que a direita tenha uma maioria”

DEPUTACOOP

A relação de Lula, quando Presidente, com o Congresso foi marcada pelo escândalo do mensalão, esquema de compra de votos de parlamentares que ameaçou derrubar o primeiro governo petista, em 2005.

Uma revelação feita pelo deputado Roberto Jeferson (PTB) de que congressistas recebiam uma espécie de mesada para votar a favor dos projetos do governo, que virou ação penal julgada pelo Supremo Tribunal Federal, em 20012, com 25 réus condenados.

Depois do que observou, recentemente, na última janela de transferências partidárias, na visão de Lula uma boa parte dos partidos políticos, tornou-se um negócio, no embalo da janela de transferência, e se converteram em “cooperativas”.

Cooperativas de Deputados.

E o pré- candidato do PT foi mais além no seu diagnóstico:

“O que valeu foi o Fundo Eleitoral. E a divisão desse Fundão foi feita por cada Deputado como um cooperado

A HORA DO DESMONTE

Lula acredita que a nova configuração do Congresso, resultante das trocas feitas durante a chamada janela partidária tornou-se um grande problema.

Foi ai que se configurou a transformação de partidos em cooperativa de deputados, seguindo a divisão do fundo eleitoral entre os “cooperados”.

Quando tratou do assunto, depois de uma conversa com o pessoal da CUT, Lula afirmou que mais difícil do que vencer as eleições nesse ano vai ser desfazer o desmonte das instituições recém criadas, segundo ele sob as bênçãos do Governo Bolsonaro.

Nós vamos ter de formar que começar o governo sabendo que vamos ter de tirar quase oito mil militares que estão ocupando cargos, no lugar de pessoas que prestaram concurso.

Tudo isso aconteceu numa semana em que o noticiário político havia se ocupado da legalização do aborto, que havia merecido um a apreciação de Lula e deu muito o que falar, misturando religião na apreciação de um tema de saúde pública.

A VELHA FOME

Lula começou o ano eleitoral com destaque para a temática da fome.

Em abordagem sobre o aumento da insegurança alimentar no Brasil, situação que atinge 116 milhões de brasileiros, o ex-presidente aproveitou para lembrar um dos carros-chefes de seu governo: o programa Fome Zero.

Outro ativo explorado foi a saída do país do Mapa da Fome da Organização das Nações Unidas (ONU), em 2014, durante o governo de Dilma Rousseff (PT). Mas o próprio Lula sentiu a necessidade de assuntos que não o remetessem ao passado.

Lula preferiu associar a fome a outras mazelas que colocam o Governo Bolsonaro no centro do ringue. Das 14 vezes em que falou “governo”, seis foram para condenar a política econômica de Bolsonaro, o aumento dos preços da gasolina e do gás de cozinha e o negacionismo na pandemia.

De qualquer maneira a sorte está lançada. Para os dois lados, sem necessidade de nenhum açodamento. Em política as coisas acontecem no seu tempo.

MESMA FÓRMULA

Depois da famosa carta aos brasileiros, em 2002 (na sua quarta tentativa para ser Presidente), Lula foi buscar nas Minas Gerais, um senador liberal, afeito ao diálogo para ser o seu companheiro de Chapa. Encontrou José Alencar, o Vice dos sonhos.

Agora foi além procurando Geraldo Alckmin seu adversário direto, para chamar de companheiro.

Com experiência de executivo (quatro vezes Governador de São Paulo) e uma carreira marcada pela tolerância e pelo diálogo, Alkmin é a cara do diálogo

Geraldo Alckmin deixou o PSDB e ingressou nos quadros do PSB (partido fundado por Miguel Arraes) e passou, sem maiores dificuldades, no teste do palanque convivendo com antigos adversários “para somar potência e amplitude na resistência contra o autoritarismo, que será liderada pelo companheiro Lula”.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *