3 de maio de 2024
Medicina

MEDICINA SEM VOTOS

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O Médico e a Boneca Doente – Norman Rockwell (1894 -1978)


A um ano da grande disputa, os atletas entram na fase de escolha dos uniformes que estarão usando quando o campeonato for oficialmente aberto.

Contas feitas, sob regras pragmáticas do coeficiente eleitoral e de olho gordo em quem possa brilhar mais que a estrela do time, e desviar os votos da vitória.

Desta vez,  um sinal tem chamado a atenção dos observadores mais atentos.

Uma das profissões que mais encurtavam o caminho das urnas, perde espaços.

A mosca azul que sempre teve predileção para pousar na testa dos jovens médicos, parece que entrou na lista dos seres em extinção.

Entre os estreantes anunciados, nenhum discípulo de Esculápio.

Há não muito tempo, mesmo quem nunca havia pensado em outra coisa, a não ser a prática da arte de curar, ao aceitar trabalho em pequenas cidades, recebia estímulos para transformar o agradecimento da clientela, em sufrágios.

Agora, com as facilidades para ingresso em cursos médicos que se multiplicam, um fenômeno contrafluxo ocorre.

Candidatos derrotados e parlamentares que não se reelegeram, formam o perfil de uma nova geração de médicos.

Podem estar equivocados, os não tão jovens que buscam o canudo que já foi o mais disputado, a qualquer custo, com o arraigada ideia do pleno emprego e sucesso instantâneo.

Já está ficando na lembrança, o tempo em que não se conheciam médicos desocupados. Como as orelhas das freiras, eles começam a aparecer.

Da mesma forma que ocorreu a outras profissões, o excesso de oferta de mão de obra leva à ociosidade. E à mesma condição comum a todas, de concurseiro.

Por falta de advogados formados, no Império,  e até os anos 50,  os órgãos de justiça e associações de classe, credenciavam provisionados, com campo de atuação restrita à primeira instância.

Tipo médico cubano, vedados  de trabalhar em hospitais.

Alguns rábulas alcançaram sucesso e tiveram desempenhos tão marcantes que figuram no hall da fama do Direito brasileiro.

Luiz Gama, foi um Gilmar na época da escravidão. Famoso por ter libertado mais de 500 escravos.

Evaristo de Morais já era criminalista padrão Kakay quando recebeu o grau de bacharel.

Em apenas 15 anos (de 2003 a 2018) foram criados 178 cursos de Medicina no Brasil. Todos com a justificativa de serem implantados em regiões com carência de médicos.

O jeitinho brasileiro incluiu nesta lista, o Morumbi que ganhou um curso (de excelência) no Einstein.

No governo Temer foram suspensas novas autorizações, dribladas recentemente, nos bolsominion days, com o mesmo argumento da interiorização.

A litorânea Angra dos Reis foi contemplada com escola médica do grupo Yduqs que adquiriu a Universidade Estácio, investiu 32 milhões de reais e preencheu todas as vagas, antes da primeira aula.

Acessível aos que podem pagar mensalidade de 10 mil reais e aceitem fazer o sacrifício de estudar no Shopping Città America, na Barra da Tijuca.

Só nos vizinhos do Mercosul, 67 mil macaquitos brasileños frequentam escolas para todos os gostos, escolhidas na maioria das vezes, pelo leilão inverso do critério de preço.

O valor cobrado para a formação de futuros desocupados já foi bem maior.

A tabela incluída no juramento de Hipócrates (que faz do FIES, uma mãezona), determinava juras de amor eterno, rachid  de honorários e divisão do patrimônio com os professores.

Além da obrigação de ensinar, sem carteira assinada, gratuitamente, aos seus filhos pela vida toda.

     Estimar, tanto quanto a meus pais, aquele que me ensinou esta arte; fazer vida comum e, se necessário for, com ele partilhar meus bens;

Ter seus filhos por meus próprios irmãos; ensinar-lhes esta arte, se eles tiverem necessidade de aprendê-la, sem remuneração e nem compromisso escrito.

(Informações neste texto foram publicadas em 07/10/2019)

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A Injeção
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O Oftalmologista
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Médico e Boneca
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A Ausculta
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Médico  e Jovem Paciente


N do R

O Museu Norman Rockwell em Stockbridge, Massachussets, abriga a maior coleção do mundo da arte original do mais  popular ilustrador norte-americano do século passado.

Norman Rockwell, durante mais de quatro décadas, registrou cenas da vida nas pequenas cidades americanas, em 323 capas da revista The Sarurday Evening Post.

2 thoughts on “MEDICINA SEM VOTOS

    • Comentário aprovado em respeito ao sagrado direito da livre manifestação do pensamento.
      O autor é médico, regularmente inscrito no Conselho Regional de Medicina e confessa ter fracassado muitas vezes.

      Resposta

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