MUITO ALÉM DAS VACINAS
Mais que o fim, a vacina tem se revelado recomeço.
De uma vida a ser repartida com o invasor que anuncia, vai permanecer por muito mais tempo que se podia esperar.
Mesmo com todas as atenções dos cientistas e bombardeio da indústria farmacêutica, ainda não é tempo de contar vitória ou de se fincar bandeiras marcando o território reconquistado.
Países que avançaram mais na imunização mantêm medidas restritivas e passam a promover eventos controlados antes de chegar aos limites do que poderá ser tolerado no futuro.
Quem tem alguma dúvida, pergunte aos jovens ingleses que voltaram às baladas e ao convívio aglomerado com a galera, se a rave foi igual àquelas que passaram.
Entrada condicionada à apresentação de teste negativo para o coronavírus, solta a imaginação de como serão as festas do futuro.
Com tantas variantes, cepas e mutações é de se imaginar o universo musical do rock, já dividido em tantos gêneros, tendo que se adequar às tendências das prevalências viróticas.
A música que vai animar os convalescentes da linhagem de Manaus pode não ser a mesma que leve os que apresentaram sintomas da sul-africana, ao delírio.
Nada que um bom algoritmo cruzado com estatísticas do Imperial College não resolva.
The show must go on.
O business mais afetado na pandemia, está se reinventando.
O que parecia ser o substituto para os grandes espetáculos ao vivo, mostra sinais de cansaço.
As lives fizeram sucesso enquanto foram novidade. De poucos e inventivos artistas.
O material entrou em fadiga, antes de ser incorporado à rotina das pessoas.
No Reino Unido, foi lançado o Programa Nacional de Pesquisa de Eventos para estudar as instalações e capacidade de público que podem ser considerados seguros.
Salas de cinema cada vez mais deixarão de ser uma telona e um som surround.
Para competir com a produção doméstica do streaming, parecerão lanchonetes que apresentam filmes.
Ou restaurantes de alta gastronomia com projeção simultânea.
Os teatros, alem dos grandes espetáculos, terão que anunciar mais uma atração, sem a qual, o respeitável público não se sentirá seguro nem motivado a sair de casa para uma noitada cultural.
O anúncio do sistema de ar condicionado com fluxo de ar que impeça a circulação de partículas em suspensão, dividirá os cartazes com os nomes dos astros e divas das artes cênicas.
Os tamanhos das torcidas nas praças esportivas só serão determinados quando for concluída a pesquisa iniciada na partida final da Copa da Inglaterra assistida, ao vivo, por 8 mil apaixonados torcedores.
Uma conclusão inicial é que a pequena multidão sob controle e o distanciamento, afetaram o comportamento dos hooligans. Sem superlotação, amansam.
O maior de todos os testes se aproxima.
A primeira olimpíada sem torcidas estrangeiras, poderá ser também a inauguração de um novo formato com profundas transformações no turismo e toda sua cadeia de produção de serviços.
O que os futurólogos do passado previram está acontecendo.
Com copiosa diferença.
Em vez de pessoas, foram os lugares exóticos, os ricos museus, grandes shows, as mais emocionantes competições esportivas e todas as maravilhas do mundo que se teletransportaram para encher as casas e preencher nossas vidas de sentimentos e emoções.
Quem duvida que o novo normal começou, que conte uma estória diferente.