27 de abril de 2024
Medicina

MUITO MAIS MÉDICOS

Doctor Devaraigne (1917) – Amedeo Modigliani – Campus Homewood da Universidade Johns Hopkins, Baltimore

Por mais médicos, multiplicaram escolas e cursos, importaram simulacros cubanos, e o que se vê é um tremendo efeito colateral, que está virando outra doença, a bacharelite na medicina.

O remédio de eficácia  comprovada  já existe, mas só para quem contraiu o mal no exterior.

O exame revalida, que continua ameaçado de extinção pelos mesmos políticos que volta e meia, afrontam a liberdade do exercício liberal da arte de curar.

O exame de ordem,  próximo avanço terapêutico, ainda depende de aprovação dos Conselhos de Medicina e nihil obstat oficial.

O mercado de trabalho apresenta sintomas iniciais que devem servir de alerta para os jovens que buscam o canudo mais disputado, a qualquer preço e onde for mais fácil

Já está ficando na lembrança, o tempo em que não se conheciam médicos desocupados.

Da mesma forma que ocorreu a outras profissões, o excesso de oferta leva à ociosidade, subemprego e aviltamento dos honorários.

Sem falar na febre das práticas heterodoxas, pra não dizer, picareto-fraudulentas.

Já passa de 300, o número de escolas médicas no Brasil.

Mais que o dobro dos Estados Unidos, só perdendo para a Índia de 1,45 bilhões de átmas.

O jeitinho brasileiro incluiu na lista das justificadas a  interiorização nos grotões do país e do Morumbi paulistano.

Um curso (de excelência), no Hospital Albert Einstein, por exemplo.

A litorânea Angra dos Reis foi contemplada com faculdade  acessível aos que podem pagar mensalidade de 15 mil reais e aceitem fazer o sacrifício de estudar no Shopping Città America, na Barra da Tijuca.

Só nos vizinhos do Mercosul, mais de 70 mil macaquitos brasileños frequentam classes para todos os gostos.

Habitada por 116 mil pessoas, Pedro Juan Caballero, no Paraguai, tem nove faculdades de Medicina, nas quais estudam pelo menos 12 mil brasileiros.

O número é superior ao de vagas ofertadas por ano por todas as universidades públicas do Brasil (10,6 mil).

A crise econômica e populista na Argentina turbina ainda mais as estatísticas.

Com dispensa de processo seletivo, aulas online e tutoriais mensais de presença não obrigatória, a única obrigação do aluno é pagar as mensalidades em moeda forte: um real está valendo quase 60 pesos.

O valor cobrado para a formação de esculápios já foi bem maior.

A tabela incluída no juramento de Hipócrates, juras de amor eterno, rachid  de honorários e divisão do patrimônio com os professores.

Além da obrigação de ensinar, sem carteira assinada, gratuitamente, aos seus filhos pela vida toda.

     Estimar, tanto quanto a meus pais, aquele que me ensinou esta arte; fazer vida comum e, se necessário for, com ele partilhar meus bens;

Ter seus filhos por meus próprios irmãos; ensinar-lhes esta arte, se eles tiverem necessidade de aprendê-la, sem remuneração e nem compromisso escrito.”

O jovem aprendiz (1919) – Amedeo Modigliani- Museu Orangerie, Paris


(Publicado há um ano, o texto revisto e ampliado,  fica mais atual com  a revogação da proibição de novos cursos de Medicina e o anúncio de mais três  no RN)

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