2 de maio de 2024
HistóriaPolítica

NAPOLEÃO RETINTO

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Napoleão cruzando os Alpes                                           Jacques-Louis David (pintado entre 1811 e 1815)


Ao dizer que a história se repete, a primeira vez  como tragédia e a segunda como farsa,
Karl Marx não imaginou que em certo país,  que nunca foi muito levado a sério, as duas coisas pudessem acontecer ao mesmo tempo.

Pouco tempo depois de terem dado fim à monarquia e embalado sonhos de fraternidade, igualdade e liberdade, os franceses já estavam de novo sob o comando absolutista.

Napoleão Bonaparte deixou a diplomacia de lado e foi à luta  como tantos outros átilas, alexandres, gengis, césares, saladinos, adolfos.

Com a casa arrumada e os bons ventos soprando na economia, desejos de perpetuação no poder e expansão dos domínios, surgem com naturalidade.

Passados mais de dois séculos, há um paralelo e muitas dívidas dos brasileiros com os franceses.

Reino associado a Portugal e Algarves por conta deles e de dois outros motivos incontroláveis.

O medo de uma invasão nunca planejada e a imensidão do oceano.

A cada vitória e a cada conquista, chegavam notícias que a a história registrou, de  triunfos e glórias, imortalizados em quadros e  estátuas equestres a serem imitados.

O poder tem  seus símbolos, inspira exemplos e deixa lições.

Marengo ganhou todas as glórias mas até hoje não se sabe com certeza qual era sua alva cor.

Quando projetou Brasília, Lúcio Costa não pensava que tantos quisessem mudar para  a entediante vastidão do planalto central depois que os  estímulos pecuniários funcionais acabassem.

Que a vocação dos políticos fosse maior que os apelos e doçuras à beira-mar

Muito menos que alguém na plenitude da sã consciência achasse normal percorrer seu eixo monumental em cavalgada majestática, saudado por admiradores e fiés seguidores.

Psicólogos e psicanalistas analisam poderosos e selam diagnósticos dos seus transtornos mentais e desvios da personalidade, de certeza e codificados no CID, com direito a quebra do segredo profissional, em capa de revista.

Sinais que ajuntados no mesmo quebra-cabeça podem formar a figura de um ser iluminado, escolhido e protegido pelos deuses para levar um povo à terra prometida.

Mas apenas os que pensam e rezam o catecismo do seu messias salvador.

Os outros, finda a primeira batalha, seriam expulsos para o desterro em chão vermelho coberto  de sangue.

Em meio a tanta divisão, sofrimento e destruição, se ainda  havia dúvida se De Gaulle tenha dito mesmo que Le Brésil n’est pas un pays sérieux, o Papa Francisco pontificou, e não temos salvação.

-C’è molta cachaça e poca preghiera.

É nossa sina.

Montado em cavalo sem cor, ou de 1200 cilindradas, o capitão napoleão segue viagem sem destino certo.

E o rebanho, vai atrás.

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Felipe Velloso

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