3 de maio de 2024
Memória

NAS VELHAS ONDAS DO RÁDIO

Adão e Eva (1530) – Lucas Cranach – Museo Nacional de San Carlos, Cidade do México


Há bons quarentanos diziam por aí, que os radinhos de pilha eram tão baratos  na
zona franca, que os hooligans manauaras levavam sacos deles para jogar no filho da mãe do juiz e nos dois bandeirinhas,  igualmente filhos de Deus.

Não há registro de ocorrências mais graves mesmo nos jogos do Nacional contra o Fast Clube, mas chegaram a ser proibidos também no clássico-rei potiguar.

Se suspeitavam de fabricação caseira de bombas, os peritos criminais não foram acionados para opinar sobre a química aplicada ao desporto.

Há confusão entre pilha e bateria. Esclareça-se que há uma diferença fulcral.

A pilha tem dois eletrodos mas  é uma só unidade.

Já a bateria, é um conjunto de pilhas ligadas em série, ou em paralelo.

Não é preciso ser nenhum Mendeleev, nem Lavoisier, para concluir pela inocência da fonte de energia proibida, enquanto que outros equipamentos de mesmo tamanho e peso, não eram alcançados pela obtusa lei.                  

Foi lembrado  que os celulares também devessem ser proibidos.

Na defesa, o argumento lúcido que não apresentavam o menor risco.                                 Tinham virado também, objetos de estimação, extensões  dos nossos corpos.

Ninguém há de imaginar que algum fanático vá amputar uma mão, por macabro exemplo, para atirar no fdp de roupa preta.

A Fenat informa: venda de laranjas já foi proibida, no velho estádio Juvenal Lamartine.

A proximidade do público no modelo de arena pré-moderna, e o hábito de rebolar o bagaço chupado nas cucurutas da autoridade máxima do espetáculo, foram as justificativas aceitas por todos.                                    

Menos pelos vendedores das peras e bahias que reclamaram da liberação dos frutos que Ari Barroso descobriu que brotam nos coqueiros.

Uma laranja, qualquer um joga. Já o coco…

João Machado, dublê de presidente da federação de futebol  e radialista, não era mesmo de empatar festa de ninguém.

Nem a produção de quengas na sua fazenda iluminada.

Lei e Evangelho (1929) – Lucas Cranach – Galeria Nacional de Praga


(Há três  anos, este registro histórico ilustrou um texto sobre a descabida exigência dos passaportes vacinais)

 

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