NAS VELHAS ONDAS DO RÁDIO
Há bons quarentanos diziam por aí, que os radinhos de pilha eram tão baratos na zona franca, que os hooligans manauaras levavam sacos deles para jogar no filho da mãe do juiz e nos dois bandeirinhas, igualmente filhos de Deus.
Não há registro de ocorrências mais graves mesmo nos jogos do Nacional contra o Fast Clube, mas chegaram a ser proibidos também no clássico-rei potiguar.
Se suspeitavam de fabricação caseira de bombas, os peritos criminais não foram acionados para opinar sobre a química aplicada ao desporto.
Há confusão entre pilha e bateria. Esclareça-se que há uma diferença fulcral.
A pilha tem dois eletrodos mas é uma só unidade.
Já a bateria, é um conjunto de pilhas ligadas em série, ou em paralelo.
Não é preciso ser nenhum Mendeleev, nem Lavoisier, para concluir pela inocência da fonte de energia proibida, enquanto que outros equipamentos de mesmo tamanho e peso, não eram alcançados pela obtusa lei.
Foi lembrado que os celulares também devessem ser proibidos.
Na defesa, o argumento lúcido que não apresentavam o menor risco. Tinham virado também, objetos de estimação, extensões dos nossos corpos.
Ninguém há de imaginar que algum fanático vá amputar uma mão, por macabro exemplo, para atirar no fdp de roupa preta.
A Fenat informa: venda de laranjas já foi proibida, no velho estádio Juvenal Lamartine.
A proximidade do público no modelo de arena pré-moderna, e o hábito de rebolar o bagaço chupado nas cucurutas da autoridade máxima do espetáculo, foram as justificativas aceitas por todos.
Menos pelos vendedores das peras e bahias que reclamaram da liberação dos frutos que Ari Barroso descobriu que brotam nos coqueiros.
–Uma laranja, qualquer um joga. Já o coco…
João Machado, dublê de presidente da federação de futebol e radialista, não era mesmo de empatar festa de ninguém.
Nem a produção de quengas na sua fazenda iluminada.
(Há três anos, este registro histórico ilustrou um texto sobre a descabida exigência dos passaportes vacinais)