30 de abril de 2024
Imprensa Nacional

“Negligente”: Ministro das Minas e Energia volta a divergir de Jean Paul Prates pela imprensa

 

Alexandre Silveira não esconde as divergências com JPP

O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, classificou como “negligente” a postura da Petrobras em relação à política de gás natural do Brasil.

Segundo ele, “há distorções inexplicáveis” na atuação da companhia, “inclusive do ponto de vista ético e moral”.

Silveira reagiu a declarações feitas pelo presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, de que não haveria gás sobrando no país.

“O presidente da Petrobras dizer que nada pode ser feito é, no mínimo, para quem tomou posse há cinco meses, negligência”.

Procurado, Prates não comentou as declarações.

A Petrobras tem prevista a entrada em operação nos próximos anos de projetos que vão ampliar a oferta de gás natural, mas a concretização do plano leva tempo para sair do papel.

No atual plano de investimentos (2023-2027), a empresa projeta investimentos de US$ 11 bilhões para assegurar a exploração e produção do insumo.

Novos projetos de escoamento, no entanto, precisam estar previstos no plano da companhia. Além disso, argumenta-se que o gás natural reinjetado de volta nos poços da companhia aumenta a produção de petróleo, comercialmente mais valioso, com redução de emissões de CO2 na atmosfera.

POLÍTICA DE PREÇOS

Silveira também analisou o cenário de preços de combustíveis, tema dos primeiros embates entre ele e Prates neste ano.

O ministro acredita que a reoneração feita pelo governo foi um ato corajoso, assim como a mudança na política de preços da Petrobras. Após uma primeira queda, os preços voltaram a subir, na esteira da retomada das alíquotas originais de ICMS pelos Estados.

Para Silveira, a Petrobras e as demais empresas do setor devem queimar mais gordura para garantir valores mais baixos na bomba.

O QUE PENSA SILVEIRA NA CONTRAMÃO DE JPP 

Valor: Sua primeira divergência pública com Jean Paul apareceu na discussão sobre os preços de combustíveis. Fala-se muito no mercado que, independentemente da origem, o presidente da Petrobras, quando senta na cadeira, torna-se, acima de tudo, um petroleiro. É esse o caso?

Silveira: Eu acho que sim. Eu acho que é papel do Ministério de Minas e Energia defender a política pública que nós assumimos de compromisso em uma campanha eleitoral. Nós queremos uma Petrobras lucrativa, atrativa para o investidor, mas que cumpra o seu dever constitucional de considerar as políticas públicas que o governo quer implementar a favor do Brasil.

Valor: O senhor está rompido com o presidente da Petrobras?

Silveira: O relacionamento pessoal é ótimo. Agora, eu acho que o relacionamento institucional é mais saudável para as brasileiras e brasileiros se ele for tenso. Então, entre ficar com o sorriso do Jean Paul e ficar com o interesse do Brasil, eu vou ficar com o interesse do Brasil.

Valor: A Petrobras também fala em investimento em eólicas offshore. O que o senhor pensa a respeito desses projetos?
Silveira: Existe um interesse claro de algumas petroleiras internacionais em fazer estudos. Quando eu vejo a Petrobras falando em eólica offshore, realmente me causa um pouco de preocupação, já que a Petrobras tem tantos outros assuntos que são prioritários. Eu entendo que ela tem que cuidar primeiro de mudar a sua política gerencial como um todo, de uma política completamente na contramão do interesse público que era feita pelo governo anterior, com venda de ativos estratégicos, como no caso das refinarias.

Valor: Quais outras prioridades?

Silveira: Na minha visão, depois que ela apresentar autossuficiência de combustível, que ela tiver modernizado nossos parques de refino, que ela tiver até mesmo discutido a possibilidade da reaquisição de ativos que são estratégicos para ela, depois de fazer o dever de casa, acho que ela pode falar em eólica offshore.

Fonte: Valor

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