No fim do ciclo do petróleo Petrobrás aceita a mudança
Roda Viva – Tribuna do Norte – 21/06/23
Depois de mais de 100 anos, o ciclo do petróleo está com dias contados para terminar…
Sabemos que a transição para um novo paradigma energético não afetará a todos de igual maneira. Na ausência da execução de estratégias efetivas de mitigação, os países em desenvolvimento, economicamente vulneráveis e deficitários na geração de energia, serão os mais duramente atingidos. Além deles, os grandes importadores mundiais de petróleo – EUA, UE, Índia, China, Japão – tenderão a ser desproporcionalmente afetados pelo” peak oil”.
Do outro lado, os países detentores das derradeiras reservas – essencialmente os membros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP), países da Ásia Central, Rússia e, possivelmente, o Brasil e o Canadá – estarão em condições de cobrar um prêmio por seus recursos. Porém, na ausência de estratégias adequadas de modernização tecnológica e planejamento de produção, correm, eles também, o risco de serem atropelados pela eventual mudança de paradigma e a consequente desvalorização das reservas remanescentes.
DIVERSIDADE ENERGÉTICA
Dispondo de matriz energética em grande medida limpa e renovável, considerável dotação de solo, água, vento e sol para o desenvolvimento em larga escala de energias alternativas, tecnologia e infraestrutura avançadas em matéria de biocombustíveis, além de significativas reservas de petróleo, o Brasil tem os elementos para proteger-se dos efeitos mais severos do chamado “peak oil”.
O objetivo, no entanto, não deve ser a busca pura e simples da autonomia energética. Ao Brasil interessa, também, preservar, na medida do possível, o entorno regional das turbulências políticas e econômicas que deverão caracterizar o período de transição. A consecução desse objetivo depende, em boa medida, da garantia de suprimentos adequados de energia para toda a América do Sul. A região tem os recursos necessários para tal; cumpre, no entanto, viabilizar uma infraestrutura eficiente.
DESAFIOS DA PETROBRÁS
A Petrobras, como empresa de petróleo e – agora também – de energia, está sujeita a várias exigências para se enquadrar nas regulamentações de preservação do meio ambiente e do mercado.
Como se trata de um assunto de interesse mundial, estudiosos da matéria definiram desafios para a empresa, compilados em diferentes estudos realizados por pesquisadores e estudiosos do mundo todo que tem tratado do assunto num contexto global.
Ao Brasil interessa, também, preservar, na medida do possível, o entorno regional das turbulências políticas e econômicas que deverão caracterizar o período de transição.
Felizmente, aqui existem novas alternativas que colocam o problema dos brasileiros, nessa fase, como muito semelhante a um automobilista que tem de trocar o pneu com o carro rodando, e com um monte de regras que precisam ser respeitadas como condição “si ne qua non”.
CINCO PONTOS
Estudiosos e pesquisadores trabalham muito este assunto e observadores, na base dos estudos deles, listaram cinco temas para serem observados prioritariamente neste momento que estamos vivendo:
- Regulamentações ambientais – A Petrobrás é obrigada a cumprir as leis e regulamentos ambientais aplicáveis, inclusive aqueles relacionados à práticas de gerenciamento ambiental, controle de emissões, descarte adequado de resíduos, prevenção de vazamento e derramamentos, e monitoramento dos impactos ambientais de suas atividades.
- Licenciamento ambiental: A Petrobrás deve obter licenças ambientais para suas operações, conforma exigido pelas autoridades competentes. Essas licenças determinam as condições e restrições para o desenvolvimento e a operação de projetos, levando em consideração os impactos ambientais potenciais.
- Responsabilidade social corporativa: A empresa deve adotar práticas de responsabilidade social corporativas, considerando o bem estar das comunidades locais, dos direitos humanos, da segurança dos funcionários e da transparência
- Transparência e governança corporativa: A Petrobrás deve seguir princípios de transparência e boas práticas e oportunas sobre suas operações, desempenho financeiro e impactos ambientais.
- Diversificação de fontes de energia: em contexto global de transição energética, a Petrobrás também deve investir em de outras fontes de energia mais limpas, como energia solar, eólica, bioenergia, como contribuição a redução das emissões de gases de efeito estufa e preservação do meio ambiente.
TEMPO DE SOMAR
É importante ressaltar que as obrigações específicas da Petrobras podem variar de acordo com a legislação e as políticas aplicáveis em cada país onde a empresa opera. Portanto é fundamental que a empresa esteja atualizada e em conformidade com as regulamentações em cada jurisdição.
Até aqui não falamos dos problemas internos de uma empresa estatal de 70 anos, que sempre teve seus empregados como donos, e a reação deles diante de qualquer proposta de mudança, agora tratado de algumas delas mesmo as que atingiam verdadeiros dogmas para a turma da Petrobrás ao longo desses anos todos, estão tratando de forma civilizada.
É impossível tratar desse aspecto sem destacar a importância do discreto (porém eficiente) trabalho de Jean Paul Prates, que há anos integrou a equipe técnica da estatal de petróleo, saiu para a iniciativa privada, voltou para o governo, conseguiu um mandato de Senador pelo nosso RN, credenciando-se para ser indicado Presidente da Petrobrás por escolha pessoal do presidente Lula, a quem assessorou sobre assuntos de energia na última campanha eleitoral. O maior mérito dele está sendo ter os empregados da empresa à favor da transição, até aqui sem nenhuma ação contrária. – Isso não é pouco…