NO OZÔNIO DOS OUTROS
Nunca houve buraco mais famoso. E estudado.
Preocupação de todos, objeto de incontáveis congressos e encontros científicos.
Para alguns, sua violação é o fim do mundo.
Parte da atmosfera que habitamos e de onde retiramos o ar que nos mantém vivos, a camada de ozônio é encontrada na região mais alta da gotícula que transporta a terra, em suspensão no cosmo, a estratosfera.
Esta parte gasosa do globo tem a propriedade de absorver as radiações ultravioletas vindas do sol. As que passam são prejudiciais a todos os seres, incluídos os que se consideram inteligentes.
Gases tóxicos produzidos pelo homem industrial e os que soltam os ruminantes, são os vilões perfurantes desta estória.
Pra não aumentar o rombo, ambientalistas vivem em constante guerra pacifista e Greta Thunberg atravessou o Atlântico a remo e vela.
Na outra frente de batalha, travada contra inimigo igualmente invisível, têm sido experimentadas várias armas, enquanto a vacina não chega.
O Dr. Volnei Morastoni, prefeito de Itajaí, anunciou que poderia usar também o ozônio no combate à Covid-19.
Foi um Deus nos acuda.
Em tudo que é blog e portal. Virou mais uma no país da piada pronta.
A notícia passaria como mais um remédio que vêm sendo tentado. Um outro a ser acrescentado na prateleira onde estão a cloroquina, a ivermectina, o zinco, o chá de boldo e tantos que mereçam fé e polêmica.
Não fosse a via de administração sugerida, nem estaríamos aqui, escrevendo. E você, leitor.
A terapia com ozônio já vem sendo empregada há muito tempo.
Estava em trajetória de sucesso retumbante, fazendo a fortuna de alguns, quando há dois anos, o Conselho Federal de Medicina proibiu seu uso em consultórios, clínicas e hospitais.
Somente estudos clínicos são autorizados.
Os efeitos milagrosos para aumentar as defesas imunológicas e elixir da eterna juventude, ainda não foram comprovadas.
É sabido e aceito que pode estimular sistemas antioxidantes e protegê-los contra os radicais livres.
Por ter sido aplicado com relativo êxito em pacientes com enfisema pulmonar, está sendo lembrado para ajudar na recuperação dos pulmões afetados pelo coronavírus.
Sendo o ozônio, a forma triatômica do oxigênio, apresenta-se como um gás incolor e de odor forte que se decompõe rapidamente em oxigênio, sendo portanto um agente oxidante muito poderoso.
O fato da absorção pela via retal mostrar-se mais eficaz e econômica, atraiu a preferência do inventivo burgomestre catarina.
Pediatra por formação, entusiasmou-se com a praticidade do método:
“Uma aplicação tranquilíssima, rapidíssima, de 2 minutos, num cateter fininho, com resultado excelente”.
Se quisermos surfar a onda que vêm do sul, temos um local ideal para experimentar a nova terapêutica.
E onde associá-la aos benefícios da Vitamina D.
Quem não vai querer se tratar, numa chaise longue, na beira da piscina do Hospital da Via Costeira, de bruços para o sol?